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Juro alto impulsiona informalidade

Guarulhos, 11 de dezembro de 2003

O aumento da informalidade e da queda do rendimento das famílias brasileiras é uma conseqüência da política de manutenção dos juros acima da taxa de retorno dos investimentos. Esse sistema gerou um baixo crescimento econômico e reduziu a oferta de emprego. A análise é do economista Gilberto Dupas, a partir dos dados preliminares de uma pesquisa que está coordenando no Instituto de Estudos Econômicos Internacionais (IEEI), com apoio do Instituto Roberto Simonsen e Fundação Seade.

Segundo ele, a situação é mais grave na Grande São Paulo, “onde o aumento progressivo da informalidade provocou clara degradação da renda, principalmente nas classes mais baixas”. Enquanto a população economicamente ativa cresceu 18% no País, entre 1996 e 2002, na região metropolitana da capital paulista essa evolução foi de 21%. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os trabalhadores com renda informal já somam 3,9 milhões de habitantes nessa região, contra 3,7 milhões empregados formais.

Retomada – Para Dupas, a retomada do desenvolvimento sustentável vai depender de uma mais radical e permanente redução das taxas de juros, “mediante políticas públicas que permitam tratar os desequilíbrios externos e internos”. As estatísticas confirmam esses desequilíbrios. O rendimento das famílias que dependem totalmente do mercado formal cresceu apenas 1% entre 1995 e 2002, enquanto o das que estão totalmente na informalidade teve alta de 45% no mesmo período. Já entre as famílias com faturamento predominante formal, ainda que com participação de ganhos informais de alguns de seus membros, essa evolução foi de 23%. Entre as que têm renda predominantemente informal, o crescimento foi de 46%.

O economista Guilherme Leite da Silva Dias, do IEEI, que também participa desse estudo, acredita que a inserção da economia brasileira no mercado internacional tem provocado mudanças na estrutura produtiva do País. Ela também resultaria na substituição da área metropolitana por novas regiões para instalação de empresas. “Ocorreu, ainda, uma queda substancial da renda real por conta da brutal alteração dos preços relativos de energia, transportes e outros insumos básicos.”

Entre 1990 e 2002, segundo dados do IBGE computados para o IEEI, o número de famílias com renda formal caiu de 57,4% para 43,1% do total, e as informais aumentaram de 12,9% para 22,7% do total. As de renda predominantemente formal foram de 17,9% para 20,1% e as predominantemente informais foram de 7,2% para 8,8%, no mesmo período.

O IEEI deverá apresentar oficialmente o estudo sobre a informalidade no próximo ano.