Jovens preferem lojas de rua, auto-serviço e preços acessíveis
Se depender dos jovens de hoje ou os consumidores adultos de amanhã, as lojas de rua e os grandes magazines têm espaço certo no roteiro de compras. É o que aponta pesquisa realizada pela consultoria de varejo Gouvêa de Souza & MD, que mostra as preferências de meninos e meninas dos 15 aos 17 anos que vivem na Grande São Paulo. Eles têm comportamento de consumo próprios, vão às principais ruas do comércio, detestam lojas que empurram produtos, prezam o auto-serviço, planejam o que vão gastar e dão mais importância ao preço. Para 50,8% deles esse é o principal parâmetro na compra de roupas.
Mitos – O levantamento derruba alguns mitos sobre hábitos de consumo e segmentação por classes sociais. A divisão do público-alvo se dá por valores e atitutes comportamentais. “Patricinhas e mauricinhos não são apenas da classe A. Pelo contrário, a classe C é a que dá mais valor às marcas, que representam reconhecimento social. A classe B não está ligando para isso”, diz Sônia Bittar, responsável pela pesquisa. A constatação é um alerta para as marcas que muitas vezes pensam estar se comunicando com um tipo de público e na verdade estão atraindo outro.
Para esta garotada conhecida como geração shopping center, ir ao centro de compras é o programa favorito na hora de passear, mas não de comprar. As marcas deixaram de ser importantes e a loja preferida é aquela que atende rápido a todos os bolsos.
Liberdade – Filho de mãe psicóloga e pai médico, Bruno Farias estuda em escola particular, tem dois irmãos mais novos, e aponta dois motivos para a escolha das lojas de rua: “são mais baratas e os vendedores enchem menos o saco”. Segundo ele, o desespero dos atendentes é menor na rua, o que contribui para que a compra seja feita com mais liberdade.
Como a escolha dos produtos, marcas e lojas está intimamente ligada a itens comportamentais, a pesquisa da Gouvêa de Souza dividiu os jovens em três tribos: plugados, centrados e seguidores. Os plugados representam 33,4% dos jovens e têm uma predominância na classe C. Gostam de marcas que estão na mídia, mas não querem ser iguais a todo mundo. Apreciam inovação.
Os centrados, 29,5% da amostra e com uma maior presença na classe A, não se preocupam com marcas, desejam mudar o País, valorizam a solidariedade e temem não ser competitivos no trabalho. A maior parte é formada pelos seguidores, 37,1% que prevalecem nas classes B e C. Para este grupo, marca desejada é aquela que todos têm. Eles ficam constrangidos em pechinchar preço, não se sentem livres e temem a violência das grandes cidades.
Para os empresários, o levantamento serve como alerta: a mesma atitude cautelosa de individualismo e realismo perante a vida se manifesta na relação com as marcas. “As empresas precisam descobrir valores e atitudes comportamentais das pessoas para obter fidelização e adesão”, diz Bittar. Marcas que não transmitem sinceridade são rejeitadas. Outro dado interessante é que 60% das compras feitas são planejadas. Compras por impulso respondem apenas por 34% dos gastos. Para estes jovens, ir às compras é sinônimo de prazer, mas o orçamento apertado obriga a pesquisar. “Nos referimos a uma geração de hedonistas que preza pelo bom atendimento e está indo às ruas “, diz a pesquisadora.
Tsuli Narimatsu