Investir em ações fica mais atraente com corte da taxa
O corte de dois pontos percentuais da taxa básica de juros, tem influência direta sobre os investimentos. Entre as várias opções que esse recuo oferece, ganha destaque o mercado de ações.
Há outra alternativas, como manter recursos em um fundo referenciado à taxa do CDI (rentabilidade pós-fixada) ou migrar para renda fixa (rentabilidade pré-fixada), por exemplo.
Por enquanto, há um “céu de brigadeiro” no curto e médio prazos, o que favorece alocar recursos no mercado acionário.
É consensual entre os analistas que não vale a pena migrar de um fundo DI para renda fixa, o destino tradicional dos investidores em um cenário de juros em queda.
“A diferença de ganho de um fundo para outro não está cobrindo a CPMF” (paga na movimentação dos recursos), diz o consultor financeiro João Marcos Cicarelli.
As opções de fundos
Para quem migrar recursos da poupança para um dos dois tipos de fundos, há respostas distintas, conforme a ótica do analista e o tempo da aplicação.
O administrador de investimentos Fábio Colombo, considera os fundos DI ainda o investimento para perfis conservadores. “O (fundo) DI sempre vai acompanhar o que o BC faz. Na renda fixa, o ganho vai depender do que o BC faz e do que o mercado espera”.
Os fundos de renda fixa são compostos em sua maior parte dos papéis com rentabilidade pré-fixada. Esses papéis têm ganho maior ou menor conforme as expectativas de queda mais ou menos acentuada da taxa Selic.
A essa altura, os ativos com rentabilidade pré-fixada, como um CDB, por exemplo, já embutem a redução esperada da taxa Selic. E, portanto, não mostrariam oportunidade de ganhos muito diferenciada para o investidor em relação a um DI.
O analista Mauro Giorgi tem outra opinião. Para ele, a renda fixa é mais recomendada. Isto porque os fundos de renda fixa ajustam sua rentabilidade com mais atraso que os fundos DI.
A diferença de ganhos entre uma e outra aplicação, na verdade, esgota-se com o tempo, porque a tendência é de convergência do retorno financeiro no tempo, diz ele.
Ações e câmbio
Os consultores são consensuais em recomendar que parte da carteira de investimentos do aplicador contemple ações.
A razão: a Bolsa ainda tem espaço para crescer porque ainda não recuperou as perdas dos três anos passados. Estima-se um crescimento até dezembro de até 10%, mantida a conjuntura atual: juros em queda, inflação sob controle e ausência de surpresas negativas no front externo.
Aplicar em fundos cambiais tem respostas mais complexas. A tendência do dólar é de valorização no médio prazo contra o real, o que justifica manter recursos em moeda estrangeira, com espaço também para o euro.
Há uma ressalva: a entrada de recursos externos pode manter o câmbio subvalorizado por algum tempo.
Epaminondas Neto