Investimento é maior entre os negócios de menor porte
Os investimentos privados no comércio de São Paulo têm beneficiado um número cada vez maior de empreendimentos, nos últimos três anos. Em 1999, 108 estabelecimentos receberam US$ 573 milhões para implantação, modernização ou ampliação de suas instalações. No ano passado, para um total de 318 estabelecimentos, o volume de recursos aplicados foi de US$ 632,7 milhões como mostra recente pesquisa realizada pela Fundação Seade sobre os investimentos privados no Estado, em 2001.
Na opinião do economista Luiz Antonio Paulino, analista da entidade, isso significa que “os ovos estão sendo distribuídos em um número maior de cestas”. Segundo ele, a pesquisa apenas confirma uma tendência verificada nesse período. “Há uma ligeira diminuição no valor do investimento, mas um aumento de empreendimentos beneficiados por esse mesmo investimento, com uma participação maior de negócios de pequeno porte”, observa ele. Em 2000, US$ 648,7 milhões foram distribuídos entre 203 estabelecimentos.
Paulino acredita que a maneira como esses investimentos foram aplicados nesses três anos representa uma estabilidade maior do processo de crescimento do setor. “Dá mais sustentabilidade a todo o processo”, afirma o economista da Fundação Seade.
O comércio recebeu no ano passado 2,7% do investiimento privado no Estado, que foi de US$ 23,5 bilhões. A indústria ficou com 43,4% e o setor de serviços com 53,7%.
Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial do Estado de São Paulo confirma que está havendo um maior investimento no varejo. “Prova disso é a expansão de grandes redes, que sozinhas não teriam como bancar o jogo”, observa. De acordo com Solimeo, não são apenas os supermercados que vêm recebendo investimentos internos e externos, mas também o segmento de materiais de construção, como as redes Leroy Merlin e Castorama. Para reforçar, o economista da Associação Comercial diz também que já é praxe o comerciante vender um grande supermercado para retornar ao mercado com um empreendimento de menor porte, com financiamentos especiais.
Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contábil (ANEFAC), afirma que os investimentos estão restritos desde 1994, com o agravamento da crise econômica, “e o comércio, por ser a ponta do iceberg de todo este processo, é o primeiro setor a captar os revezes econômicos”.
Segundo Oliveira, os supermercados são o segmento de varejo que concentram os mais altos investimentos sejam nacionais ou internacionais. E cita como exemplo a rede de supermercados Carrefour.
Para ele, o setor supermercadista tem sido privilegiado pela sua modernização e sua competitividade “se equipara aos melhores do mundo”. E acrescenta: “quando o varejo atingir um estágio ideal em automação e modernidade, fatores que atraem capitais, o comércio será alvo dos investidores”.
Amundsen Limeira / Célia Moreira