Inflação oficial atinge 8,89% em 12 meses
A inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,79% em junho, ante 0,74% em maio, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a maior variação para o mês desde 1996, quando subiu 1,19%. No entanto, o resultado ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas, que esperavam uma taxa entre 0,70% e 0,93%, com mediana de 0,82%.
No primeiro semestre, a inflação acelerou 6,17% e em 12 meses chegou a 8,89% – a maior variação para os períodos desde 2003. Desta forma, o IPCA em 12 meses se aproximou da estimativa de 9% para todo o ano de 2015, elaborada pelo Banco Central em seu Relatório Trimestral de Inflação.
“Os números da economia batem recordes negativos todos os dias. A classe empresarial precisa ter paciência e sabedoria para entender a situação e procurar as oportunidades que aparecerem”, observou o presidente da ACE-Guarulhos, Jorge Taiar. “É na crise que surgem as oportunidades.”
Os analistas de mercado consultados para o relatório Focus do Banco Central projetam o IPCA em 9,04% no encerramento de 2015. No entanto, neste segundo semestre, que costuma ser sazonalmente de inflação mais baixa, pode ainda haver pressão de preços administrados.
Considerando uma possível alta no preço da gasolina no horizonte, o economista Samuel Kinoshita espera que o IPCA encerre este ano em 9,40%. “Acredito que a partir do mês de agosto as expectativas parem de piorar”, diz Kinoshita.
Vilões
Em junho, o item de maior pressão para o IPCA foi o jogo de azar, que teve um aumento de preço de 30,80%, em função do reajuste nos valores das apostas que entrou em vigor a partir de 18 de maio. Com isso, os jogos de azar adicionaram sozinhos 0,12 ponto percentual (p.p.) à inflação do mês passado.
Ao todo, jogos de azar, passagens aéreas e taxa de água e esgoto exerceram os três principais impactos no mês e responderam, sozinhos, por cerca de um terço do IPCA de junho. A contribuição total dos três itens foi de 0,29 p.p..
O resultado do mês passado ainda contribuiu para que o grupo Despesas Pessoais acelerasse de 0,74% em maio para alta de 1,63% em junho. Também influenciou a elevação de 0,66% no item empregado doméstico.
O segundo maior impacto veio das passagens aéreas, que ficaram 29,19% mais caras no mês passado, com impacto de 0,10 p.p. no IPCA. Ainda assim, o item acumula queda de 32,71% no semestre.
Devido às passagens, o grupo Transportes acelerou a 0,70% no IPCA de junho. O resultado foi influenciado ainda pelos serviços de conserto de automóvel (1,70%), compra de automóveis usados (0,78%) e tarifas de ônibus urbano (0,40%).
O terceiro maior impacto no IPCA de junho veio da taxa de água e esgoto, que subiu 4,95% e respondeu por 0,07 p.p. da taxa do mês passado. O resultado reflete reajustes em São Paulo (12,07%), Salvador (7,26%), Belo Horizonte (6,46%), Curitiba (4,93%), Rio de Janeiro (3,50%) e Recife (1,03%).
Com isso, o grupo Habitação subiu 0,86% em junho – um resultado ainda menor do que em maio (1,22%). Também pesaram no grupo despesas com artigos de limpeza (1,52%), condomínio (0,92%) e aluguel residencial (0,66%).
O aumento expressivo nas taxas de água e esgoto em junho se deve à contaminação provocada pela energia elétrica mais cara em 2015, afirma Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. No mês passado, o preço administrado avançou 4,95%, o terceiro maior impacto no IPCA.
(Com informações do Diário do Comércio)