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Indústrias pretendem investir para aumentar produção

Guarulhos, 27 de outubro de 2004

A indústria brasileira considera que sua capacidade produtiva atende a demanda atual. No entanto, a maioria das empresas pretende aumentar seus investimentos em 2005. Esse é o resultado de uma sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no terceiro trimestre de 2004, com 1224 empresas, de diferentes ramos de atividade, em todo o País.
O presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, afirmou que os empresários conseguiram superar o período recente de instabilidade econômica. “A indústria é uma plataforma fantástica da inovação”, afirmou Monteiro Neto.

Das entrevistadas pela CNI, 80% declararam que têm capacidade suficiente para atender ao mercado atual e o de 2005. Mas, em alguns setores, como o metalúrgico, de materias de transporte, couros e pele e produtos farmacêuticos, o número de indústrias que assinalou estar inadequada às perspectivas futuras foi em média de 29%. No outro extremo, matérias plásticas, vestuário e calçados, papéis e papelões, ficaram com uma média de 16% de inadequação para atender o mercado no ano que vem.

Investimentos – A restrição apontada por alguns setores coincide com a intenção desses mesmos segmentos de investirem em 2005. Mais de 50% das empresas de metalurgia, transportes, produtos farmacêuticos e química pretendem ampliar os investimentos em máquinas e equipamentos no período. No geral das indústrias nacionais, esse índice alcançou os 40%. No ano passado, a participação das empresas que pretendiam investir em máquinas ficou em 30%.

A única coisa que pode impedir esses investimentos, segundo Monteiro Neto, é a atual política de ajuste gradual da taxa básica de juros (Selic), conduzida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). “Se continuarem aumentando a taxa como estão fazendo, isso pode comprometer a intenção do empresariado de investir.”

Segundo a pesquisa da CNI, entre as grandes empresas, o percentual das que pretendem investir no ano que vem ficou em 94%. Entre as pequenas e médias, o número foi de 82%. Além da aquisição de novos equipamentos, alguns entrevistados citaram investimentos em custos financeiros, relativos ao pagamento de juros de capital, e o custo tributário, ambos com cerca de 40% das assinalações.

Aumento da produção – Os recursos citados na pesquisa têm como intuito principal aumentar a produção. Na sondagem anterior, em 2003, esta perspectiva não estava tão clara, segundo a CNI. Das pequenas e médias empresas que pretendem investir, 57% têm o propósito de aumentar a produção, 41% de aumentar a qualidade dos produtos e 28% de lançar novos produtos.

Sobre 2003, verifica-se um aumento de seis pontos percentuais na proporção das empresas que querem aumentar a produção e uma queda de 5% nas que pretendem melhorar a qualidade dos produtos.

Entre as grandes indústrias, a mudança foi maior. Na sondagem anterior, a melhoria da qualidade foi a razão mais assinalada para justificar os investimentos previstos (51,6%). Em segundo lugar (48%) ficava a intenção de aumentar a produção. Este ano, 62% das grandes empresas disseram que os investimentos serão destinados para o aumento da produção, enquanto 46% para melhorar os produtos.

Os investimentos atenderão principalmente ao mercado interno, mas quando se separa a sondagem por porte das indústrias, verifica-se uma grande diferença nos percentuais. Entre as grandes companhias, 20% quer investir para ampliar as exportações e outras 40% vislumbram o mercado interno e externo. Já entre as pequenas e médias, o mercado externo é razão de investimento para menos de 10% das entrevistadas.

Fernanda Pressinott