Indústria reduz ritmo de atividade
Embora a indústria brasileira tenha registrado crescimento no último trimestre de 2004, o ritmo de expansão diminuiu. Os sinais de desaquecimento na atividade são mais claros nas grandes empresas, que voltaram a acumular estoques de produtos e de matérias-primas. Nas pequenas e médias, por sua vez, os indicadores permaneceram estáveis. As informações são da Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Apesar de nenhum dos 17 setores pesquisados terem registrado queda na produção, apenas cinco tiveram aumento. Com isso, a produção caiu de 60,1 pontos no terceiro trimestre para 57,6 pontos no quarto. O número ainda indica crescimento, já que o indicador varia de zero a 100 e valores acima de 50 mostram evolução positiva.
Entre as grandes empresas, 49,4% expandiram a produção no quarto trimestre. No período anterior eram 65%. Já no caso das pequenas e médias, o indicador manteve-se no mesmo patamar do último trimestre (57,5 pontos).
Juros – Na opinião do coordenador da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, a desaceleração no final de 2004 é resultado do aumento da taxa de juros (Selic). Segundo ele, a elevação da taxa comprometeu o crescimento do consumo. “Como a demanda não aumentou no ritmo planejado pelos industriais, as empresas, principalmente as de grande porte, acumularam estoques”, afirmou. Na sua avaliação, a redução do ritmo da atividade foi mais forte que a estimada.
O faturamento do setor também caiu. Ele passou de 59,9 para 58,2 pontos no período. Mais uma vez o indicador das grandes empresas foi o que mais sofreu. Recuou de 66,4 para 61,4 pontos. Mesmo assim, o nível de emprego permaneceu acima de 50 pontos, ou seja, as indústrias continuam contratando. Para as grandes empresas, o indicador ficou em 55,7 pontos e, para as pequenas e médias, em 53,1.
Já o nível de utilização da capacidade instalada ficou estável em 83% nas grandes indústrias. Nas pequenas e médias, o percentual subiu um ponto, para 74%.
Entraves – Além dos juros em patamares muito altos, a sondagem revela que a alta carga tributária continua sendo o principal problema enfrentado pelos industriais. Entre os entrevistados, 73% dos grandes empresários e 72% dos pequenas e médios apontaram o peso dos impostos como principal obstáculo à expansão dos negócios.
O coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, lembrou que, em 2004, a carga tributária aumentou e representou cerca de 35% do Produto Interno Bruto (PIB). E não deve melhorar. Castelo Branco destacou que a carga deve aumentar ainda mais neste ano por conta da Medida Provisória 232, editada no final de 2004, que corrige a tabela do Imposto de Renda.
Em relação às taxas de juros elevadas, a preocupação passou para o segundo lugar do ranking das grandes indústrias. Esse problema foi apontado por 47% das grandes, contra 41% no levantamento anterior.
Patrícia Büll