Notícias

FMI discute como ajudar o País

Guarulhos, 24 de julho de 2002

A vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, disse ontem que o organismo está disposto a apoiar qualquer Governo que venha a se eleger em outubro de 2002, desde que ele esteja comprometido com um programa econômico estável e sustentável. Ela também deixou em aberto a possibilidade de, caso seja necessário, o Fundo discutir um programa de contingência para o Brasil.

A número dois do FMI disse que conversou com as autoridades brasileiras sobre “várias possibilidades” em termos de um acordo de transição, mas nada específico. “Vamos examinar como a situação evolui para escolher entre as várias opções. No momento, não temos nenhum entendimento sobre o tempo ou a natureza desse acordo”, afirmou. Ela ressaltou, porém, que não veio negociar novo socorro ao Brasil, mas negociar com o Governo formas de ajudar o País a superar a instabilidade. “Temos uma boa relação com as autoridades brasileiras e sempre podemos conversar por telefone, fax, e-mail”, disse. Krueger disse que o FMI se orgulha de ter sido parceiro do País nos últimos anos.

Anne Krueger teve uma audiência na tarde de ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Antes, almoçou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e esteve com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral. Ela informou que conversaram sobre a crise econômica mundial e também sobre a situação brasileira.

Encontro na Fiesp

A vice-diretora do FMI estará em São Paulo, onde participa de encontro da Sociedade de Econometria da América Latina, na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também tem agendada uma conversa com o presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva.

Na sua avaliação, o rebaixamento dos títulos da dívida brasileira “parece estar ligado a incertezas na área política”, ou seja, o mercado estaria vendo, em alguns candidatos, questionamentos sobre o programa econômico em curso, o que lançaria dúvidas sobre como será a condução da economia a partir de 2003. “Eu não tenho um conhecimento sistemático do pensamento dos candidatos”, afirmou. “Parece haver algumas inconsistências em alguns deles, mas isso é natural do processo eleitoral”.

Ao discutir com as autoridades brasileiras as perspectivas econômicas no cenário mundial, Anne Krueger manifestou confiança de que a economia americana está se recuperando e que as perspectivas para o segundo semestre são mais positivas. Ela apontou sinais de melhoria no quadro econômico também em áreas fora dos Estados Unidos, como a Europa e a Ásia. “Na América Latina, há alguns problemas, mas eles são localizados”, disse. Na sua opinião, a América Latina será ajudada pelo processo de retomada econômica no mundo.