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Empresas adotam terceirização para economizar

Guarulhos, 22 de julho de 2002

arteEconomia e ganho na eficiência. Estes são os principais motivos que levam as empresas a adotar a terceirização, conceito que pode ser definido como a contratação de terceiros para que a empresa concentre-se apenas na atividade essencial, o chamado core business. Implantado desde as pequenas empresas até as gigantes, a terceirização pode abranger o outsourcing, quando há transferência total de certos setores a terceiros, ou o multisourcing, quando há a segmentação da terceirização de um departamento entre várias empresas. Estimativas do setor dão conta de que, com a terceirização, as empresas conseguem uma economia e um ganho de produtividade de 30% até 70%.

O professor da disciplina Marketing de Serviços da FAE Business School, Marcos Kathalian, conta que os serviços terceirizados mais comuns são conservação, higiene e manutenção imobiliária. “Mas hoje em dia tudo pode ser terceirizado. É só lembrarmos o caso da Nike, que terceiriza toda a sua produção e somente administra a marca e desenvolve os produtos”, cita. Ele só não recomenda terceirizar áreas estratégicas da empresa, o que é chamado de competência central.

Montadoras

O economista e consultor do Sebrae, Cláudio Cunha, lembra que a terceirização tem pelo menos 12 anos no Brasil . Cunha ressalta que as montadoras podem ser entendidas como o maior exemplo. Como o próprio nome diz, elas apenas montam os veículos. As peças, por exemplo, são adquiridas de fornecedores parceiros. A atividade essencial, porém, continua sendo o desenvolvimento do projeto do veículo.

Outro fator “saudável” da terceirização, segundo ele, é abertura de novas oportunidades. “A grande empresa terceiriza seus serviços para a média, que terceiriza para a pequena, que terceiriza para a micro empresa”, explica.

No entanto, Cunha ressalta que alguns sindicatos condenam a terceirização pelo fato de algumas empresas demitirem no início do processo. “A grande maioria demite, mas abre mercado para as médias e pequenas que acabam recontratando”, afirma.

Cunha diz ainda que a Justiça do Trabalho está bem atenta à algumas empresas que estão terceirizando seus serviços de forma ilegal. Ele cita que uma atitude comum de algumas delas é “terceirizar” funcionários recontratando-os como autônomos e pagando por horas trabalhadas ou diárias. “A forma correta de terceirizar é contratar uma empresa já constituída e assinar um contrato de prestação de serviços, pois assim se descaracteriza a individualidade”, esclarece.

Quarteirização

A dica do consultor para as pequenas empresas é que elas já nasçam terceirizadas. “No caso de uma confecção, por exemplo, ela pode ficar apenas no design e no corte, terceirizando a costura para faccionistas. Assim, diminui o risco do investimento”, exemplifica.

Outro fenômeno que vem ocorrendo em paralelo, mais ou menos a partir da década de 90, é a quarteirização ou a contratação de empresas que ficam responsáveis pelas empresas terceirizadas. “São tantos os prestadores de serviços, que o contratante não consegue administrá-los. Então, é chamada uma quarta empresa, que acompanha o desempenho dos terceirizados” , explica o consultor do Sebrae. Um exemplo dado pelo professor da FAE é o grupo hoteleiro Accor, que possui a empresa InfraQuatro para administrar suas terceirizadas.