Empresa inteligente tem funcionários criativos
Investir na aprendizagem dos funcionários e permitir que o conhecimento seja disseminado internamente, dando lugar à inovação e à criatividade. São estas as atitudes de empresas que consultores de Recursos Humanos e especialistas em gestão chamam de inteligentes.
Para o consultor de organização e professor de gestão da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), Antonio Andrade, uma empresa começa a desenvolver a inteligência no momento em que desvenda o conhecimento dos membros que a compõe. Desta forma, abre espaço para que os funcionários experimentem, interajam e apresentem soluções úteis para o desenvolvimento do trabalho.
– É o que acontece com organizações criativas, aquelas que vêem seus recursos humanos como a força geradora da criatividade, sem colocar obstáculos para estas pessoas desenvolverem seu talento – define Andrade. Ele acredita que o profissional que trabalha neste tipo de ambiente tem mais facilidade de identificar, interpretar e interagir com o meio. Ao contrário, para Andrade, empresas inchadas, com pouca mobilidade, pessoal despreparado e com baixo poder de reação às necessidades do mercado terão dificuldade para sobreviver.
Treinamento
Gerente de projetos da Manager Assessoria em Recursos Humanos, Maria Inês Felipe concorda. Segundo ela, a empresa que investe em treinamento e desenvolvimento, oferecendo espaço para que o profissional utilize o que aprendeu, tem, hoje, mais chances de crescimento. “E isso envolve a todos, independentemente do cargo.”
Para o diretor dos Laboratórios Gross, Carlos Fernando Gross, patrocinar os estudos dos funcionários é uma forma eficiente de aumentar o QI (quociente de inteligência) da empresa. “Principalmente naquelas companhias que contam com mão-de-obra de classes menos favorecidas, que têm pouca oportunidade de se dedicar aos estudos. Isso se torna um fator de motivação”, diz.
Gross aposta também na participação dos empregados de todos os escalões nas decisões da empresa. “A iniciativa de chamar o funcionário para participar dos problemas mostra que seu papel na organização é fundamental. Sentindo-se parte do processo o profissional fica estimulado e produz mais. Empresas que investem nisso têm mais chances de alcançar melhores resultados”, enfatiza.
Jorge Gomes, gerente de RH da Tubos Apolo, concorda. “Nenhuma empresa vive sem o cliente, mas não se pode esquecer que existe também o cliente interno, ou seja, o funcionário. E estes também devem estar satisfeitos”, destaca. “As pessoas são o principal ativo de uma organização”, completa.
Com objetivo de tornar as organizações inteligentes, o Núcleo de Desenvolvimento do Potencial Cognitivo (NDPC) oferece curso baseado em uma metodologia chamada Mediação. Desenvolvido em Israel, o método propõe-se a ensinar às pessoas como desenvolver técnicas que aumentam seu poder de comunicação.
– O NDPC trabalha no sentido de favorecer a ampliação da capacidade de gerenciar informações e conhecimentos, a fim de que sejam aplicados e disseminados em grupo, visando a melhora do desempenho das equipes de trabalho e conseqüente aumento da produtividade – explica a gerente de negócios da instituição, Teresa Pereira.
Segundo Teresa, o objetivo é ensinar ao profissional a transmitir uma informação tendo o cuidado e a certeza de que ela será entendida pelo receptor da mensagem. “Não adianta assimilar o conteúdo pelo conteúdo, o que importa hoje é o raciocínio”, comenta, acrescentando que empresas inteligentes, que mantêm suas estruturas abertas, permitem que esse raciocínio seja compartilhado entre os funcionários.
A gerente acredita que, tendo mobilidade para trabalhar, o funcionário percebe a si mesmo como parte de um processo e se vê estimulado a produzir cada vez mais.
As organizações inovadoras…
>> conscientizam todos os membros das metas a serem alcançadas.
>> encorajam quem tem idéias.
>> facilitam a comunicação.
>> são descentralizadas e diversificadas.
>> permitem a interação entre os departamentos.
>> facilitam a diversidade entre os funcionários.
>> empregam corretamente o potencial humano, sem sobrecarga ou subutilização.
>> e estão dispostas a experimentar as idéias novas.
Clarice Godinho