Emprego no vestuário caiu
Na contramão da expansão da maioria dos segmentos econômicos, com geração recorde de empregos, o setor de vestuário enfrenta o fechamento de vagas. Enquanto o emprego industrial cresceu 4,4% de janeiro a julho, na comparação com igual período de 2007, o vestuário teve queda de 4,7%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Importação em grande escala, cópias ilegais de roupas e encargos tributários e trabalhistas que chegam a 42% do valor final das peças são os principais motivos desse recuo, afirma Ronald Masijah, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de São Paulo (Sindivestuario).
“O crescimento econômico propiciou uma expansão também da classe D para C, o que gerou aumento de demanda. Mas ao contrário do que isso pode sugerir, a indústria de vestuário não cresceu no mesmo ritmo”, diz Masijah. Em contraste com o faturamento do setor, que de janeiro a julho subiu 17,9% sobre igual período do ano passado, as horas trabalhadas na indústria de vestuário caíram 3,1%.
Nem mesmo o aumento da alíquota da Tarifa Externa Comum (TEC) de 20% para 35% para produtos de vestuário dentro do Mercosul foi suficiente para frear as importações. “A valorização do real em relação do dólar acabou por anular o efeito do aumento da TEC. O resultado é que continua sendo amplamente vantajoso importar vestuário”, diz o presidente do Sindivest.
Para tentar ajudar o setor, o Congresso aprovou em junho uma medida que altera a tributação sobre a importação de 11 produtos. Se passar como está, será criada uma tarifa específica, de até R$ 15 por unidade de medida, em substituição às tarifas atuais, que incidem sobre o valor importado. Se isso é um alívio para os industriais do setor, preocupa a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abeim), que reúne as principais redes do País.
“Trata-se de um excesso de protecionismo à indústria nacional, justamente nos segmentos em que a produção interna é deficiente, em especial nas roupas de inverno”, diz Sylvio Mandel, presidente da Abeim. Ele lembra que as importações ajudam a equilibrar os preços do mercado interno.
Além da China – Mas na avaliação do presidente do Sindivestuario, os problemas enfrentados por essa indústria vão muito além das importações. “O Brasil precisa realizar uma redução drástica dos tributos que recaem sobre o setor, para que ganhe competitividade. Caso contrário, corre-se o risco de essa indústria desaparecer dentro de 20 anos”, observa Masijah.