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Dois em cada três empreendedores estão na informalidade

Guarulhos, 20 de novembro de 2003

O excesso de burocracia e a elevada carga tributária fazem com que quase 67% dos empreendedores paulistas prefiram ficar na informalidade. Desses 3,9 milhões de empresários, 2,6 milhões trabalham sem registro na prefeitura e sem o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Os dados estão em estudo inédito realizado pelo Sebrae-SP.

“A pesquisa mostra que, para cada empresário formal, existem outros dois trabalhando por conta própria ou para outro empregador também informal”, afirma Alencar Burti, presidente do Conselho Deliberativo da entidade. “Isso é gravíssimo. Mostra que é muito difícil você se legalizar. Mostra ainda que o governo e a sociedade não acordaram para a necessidade de facilitar o acesso dos trabalhadores a um sistema jurídico simples e a uma tributação eficiente, que garantam a formalidade e elevem a arrecadação sem penalizar os poucos que pagam impostos.”

Segundo o Sebrae-SP, dos 24,8 milhões de paulistanos com mais de 18 anos (Censo 2000), cerca de 600 mil são candidatos a empreendedores. Quanto à ocupação desses candidatos, 147 mil são empregados sem carteira, 144 mil são registrados, 144 mil estão desempregados, 111 mil são donas de casa, 44 mil aposentados e 15 mil ainda estudam.

O empreendedorismo não é uma conseqüência única do desemprego. Dos que já têm algum negócio próprio, somente 3% estavam desempregados antes (grupo dos informais).

A grande maioria dos que já são empreendedores trabalha por conta própria. São 91% do total. Apenas 9% trabalham para um outro empregador.

Do total, 54% são homens e 46% mulheres. “A participação feminina é bem maior que a registrada no conjunto de trabalhadores formais, onde apenas 34% do conjunto é formado por mulheres”, diz Burti.

Aproximadamente 40% dos empreendedores informais têm apenas o primário completo. Só 5% deles completaram o ensino superior. A pesquisa constatou que 62% deles está em uma atividade muito diferente da anterior. De 983 empreendedores informais ouvidos, 43% afirmaram que a experiência anterior em nada auxiliou o negócio atual.

Uma questão aproxima os empreendedores formais dos informais: a maior parte deles encontrou em outras pessoas do ramo a fonte de informações para crescer em suas respectivas áreas. Enquanto 46% dos informais buscam experiência com empreendedores mais antigos, 52% dos formais fazem o mesmo. Em segundo lugar, para as duas categorias, fica a pesquisa própria, seguida de perto pela consulta a amigos e parentes com negócio próprio. A internet foi fundamental na abertura dos negócios de 2% dos informais, contra 8% dos regularizados. Para esses, ela foi considerada a “fonte de informações de maior utilidade”.

Ana Cláudia Landi