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Dólar fará luz subir em 2003

Guarulhos, 29 de agosto de 2002

O Banco Central reviu para cima a previsão para o aumento das tarifas de luz. Em compensação, reduziu a projeção para o aumento do preço do gás. Os dados foram divulgados nesta quarta (28) na ata da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realizada este mês. As projeções levam em conta o impacto da alta do dólar nos preços administrados pelo governo e na inflação. A previsão do Copom é de que o aumento na energia elétrica chegará a 20,1% este ano, e não 19,2%.

A taxa de câmbio deve se manter em torno de R$ 3,11 no próximo ano e continuará pressionando a inflação. Por conta da intervenção do governo nos preços do gás de cozinha cobrados pela Petrobras nas refinarias, a diretoria do BC reviu de 42% para 25% a projeção de aumento do preço do botijão para este ano. O preço da gasolina deve cair 0,8% este ano. Em julho, a previsão era de uma queda de 2%. Essa queda ainda será efeito das reduções de preço verificadas em janeiro e fevereiro, logo após a abertura do mercado às importações de derivados.

O Copom praticamente manteve a projeção de reajuste dos preços administrados em 8,8%. Já para 2003, a revisão foi de 6,6% para 7,6%. O comitê concluiu que a manutenção da taxa básica de juros da economia (Selic) em 18% ao ano e da taxa de câmbio em torno de R$ 3,11 aponta para uma inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, acima de 6% em 2002 e abaixo de 4% em 2003. Os tetos das metas do governo, acertadas com o Fundo Monetário Internacional, são de 5,5% e 6,5%, respectivamente.

Segundo a ata, a previsão de inflação menor para o ano que vem se justifica pela capacidade ociosa na economia, pelo aumento 1,2 ponto percentual menor dos preços administrados e monitorados em relação a 2002 e pela ausência de depreciações adicionais no câmbio.

O documento diz que, apesar de a inflação projetada para o próximo ano estar abaixo da meta, houve aumento das incertezas em relação ao futuro do Brasil e à economia mundial de julho para cá. Isso se refletiu negativamente nos preços dos ativos em moeda estrangeira e local. Entretanto, o Copom considera que a conclusão do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a concordância de seus princípios gerais pelos principais candidatos a presidente propiciam um ambiente adequado para a reversão das expectativas do mercado financeiro. Outros pontos que devem contribuir nesse sentido, de acordo com o Copom, são a diminuição dos deságios dos títulos públicos, a evolução recente na indústria de fundos e uma melhora nas condições de liquidez nas linhas de crédito internacionais para o Brasil.