Custo dos Serviços (Parte Final)
II Cálculo de custos são difíceis?
Vejamos o caso dos painéis e adapte ao seu negócio.
a) Faça uma lista de todas as suas despesas fixas, ou se você já as têm em seu balancete (você poderá estar no Simples, não lhe entregam balancete, você está dispensado por Lei de uma série de obrigações, mas administrativamente você está proibido de dispensá-lo);
b) Relacione todos os apontamentos de horas dispendidas para execução de seu trabalho durante um mês, e suponhamos como exemplo o caso dos painéis, da seguinte forma:
b.1)Horas para montagem do painel nº 93- 220
b.2)Horas para montagem do painel nº 94- 155
b.3)Horas para montagem do painel nº 95- 120
b.4)Horas para montagem do painel nº 96- 280
b.5)Horas para montagem do painel nº 97- 145
Horas totais mensais de “fabricação”:
– Dois painéis nº 93 -440 horas
– Um painel nº 94 -155 horas
– Dois painéis nº 95 -240 horas
– Dois painéis nº 96 -560 horas
– Um painel nº 97 -145 horas
– Horas totais de produção – 1.540 horas
c) Forma de rateio e formação do preço de venda (Modelo 1):
– Despesas Fixas divididas por 1.540 horas nos darão o custo hora a ser atribuído a cada grupo de painel;
– Acrescentar o lucro desejado de acordo com seu critério;
– Acrescentar os impostos (calculados sempre sobre o preço de venda);
– Soma é o seu preço de venda.
A forma acima seria para você calcular considerando ter apenas um cliente, mas no dia a dia a coisa é diferente. Como vou previamente estabelecer meu custo-hora se não sei como e com quem vou trabalhar? O que vou fazer?
Então vamos ao modelo 2 de cálculo de custo-hora, que deve nortear sua empresa, quando tiver vários clientes.
1. Some todas suas despesas fixas;
2. Some todas as horas de seu pessoal produtivo, ou o pessoal que “põe a mão na massa”, some somente as horas de trabalho e até desconte uma quantidade de horas não trabalhadas e que você sabe que acabam sendo pagas, como pequenos atrasos, saídas mais cedo, idas ao médico, horas para registro de filho, etc., etc.. Com isso você terá as horas líquidas efetivamente trabalhadas. Porém aqui você deve verificar se as horas líquidas finais são essas. Exemplo, se você tem um estabelecimento que troca óleo de carros, desconte as horas em que o pessoal fica parado durante os dias da semana, geralmente na parte da manhã. Você está pagando salários de qualquer forma;
3. Divida o item 1 (despesas fixas) pelas horas líquidas trabalhadas finais e será encontrado o seu valor-hora de custo;
4. Pré-calcule o valor de seus serviços. Exemplo – troca de um escapamento leva meia-hora. Multiplique 0,5 pelo valor hora acima e você terá o valor de custo de seus serviços, antes de seu lucro e seus impostos.
Para um pequeno exercício, atribua valores aos exemplos acima e calcule para a empresa de painéis, seus custos pelo modelo 1 e pelo modelo 2 e veja que os resultados são os mesmos. O Primeiro serve para quem tem um cliente e produção já definida, o modelo 2 serve para quem não tem produção definida e não sabe o que vai vender ou fazer, pois depende do cliente que vai apresentar-se em seu estabelecimento.
III – CÁLCULO PRÁTICO DO PREÇO DE VENDA
III A – Valores hipotéticos
1. Valor-hora/líquido apurado- R$ 10,00
2. Lucro pretendido (30% do valor acima) – R$ 3,00
3. ISS – 3% sobre o preço de venda (veja qual a alíquota de seu município) – R$
4. Imposto de Renda (se tiver, ou forma de calcular qualquer outro valor necessário)- R$ ?
5. Preço de venda (soma de 1 a 4)- R$ ?
Pergunta-se: como atribuir valores aos itens 3 e 4 para ter-se o total 5, o Preço de Venda?
Muito simples. Qualquer valor pode ser substituído ou representado por uma percentagem.
O total (preço de venda), vamos considerá-lo como 100%.
Eliminamos todas as interrogações da tabela anterior, concluindo:
a) Qual é o percentual do item 3 – Imposto. É 3% sobreo valor de venda. Conclui-se que os outros itens representam 97%;
b) Qual é o percentual do lucro em relação ao preço de venda? Examinando a tabela anterior verificamos que na realidade ele é primeiro um percentual em relação ao valor-hora. Sabe-se já o seu percentual, mas valor comparativamente ao preço de venda ainda não. Voltaremos a este item oportunamente;
c)Qual o percentual do Imposto de Renda sobre o Lucro? Sabe-se ser 15% sobre ele. Como o lucro já está estabelecido numericamente em R$ 3,00, o lucro é R$ 0,45 (15% de R$ 3,00). Nossa tabela vai se enriquecendo.
Então como estaria a nossa tabela após as conclusões acima? Vamos verificar e comparar com a anterior, que passa a ser desprezada.
III-B -PREÇO DE VENDA – FASE INTERMEDIÁRIA
1. Valor-hora/líquido apurado- R$ 10,00
2. Lucro pretendido (30% do valor acima) – R$ 3,00
3. ISS – 3% sobre o preço de venda (confirmar na sua cidade)- 3% de 100%
4. Imposto de Renda – 15% sobre o lucro – R$ 0,45
5. Preço de Venda (soma de 1 a 4) – 100% (*)
(*) A soma é 100% sempre. Isto nos permitirá estabelecer as novas relações e conclusões.
Como poderemos achar o valor do item 3?
Se o Preço de Venda é 100% e o ISS é 3%, os outros valores serão 97% . Vamos lá aos cálculos.
a) Soma dos valores dos itens 1, 2 e 4- R$ 13,45;
b) Eles correspondem a 97% ou 97 partes de 100
c) Dividindo-se R$ 13,45 por 97, uma parte é igual a R$ 0,13865979 (atenção – valor pequeno deve-se usar várias casas decimais, pois a diferença poderia ser grande ao final, tanto para mais como para menos). Se você cobrar baixo pode até ter prejuízo. Se cobrar caro poderá ficar fora do mercado;
d) se uma parte de R$ 0,13865979 e multiplicamos por 100, teremos o preço de venda, ou R$ 13,87.
III-C – Conferência e colocação de valores numéricos faltantes
1. Preço de Venda- R$ 13,87
2. ISS – 3% sobre venda – R$ (0,42)
3. Imposto de Renda – 15% sobre o lucro – R$ (0,45)
4. Lucro – (que percentual era e sobre o que?) – R$ (3,00)
5. Diferença (item 1 menos ou outros)- R$ 10,00
Verifique a forma diferente de trabalharmos com estes números na conferência. Aqui partiu-se do valor encontrado do preço de venda, para chegar-se ao valor conhecido do Custo dos Serviços.
IV – COMENTÁRIOS FINAIS
Para administrar seu negócio recomenda-se muita perseverança, estudo de todas as situações que estão ao redor do empreendimento, analisá-las e as possíveis mudanças.
Você não precisa ser um “expert” em Custos. Basta aplicar estas mais simples noções e safar-se do prejuízo.
Na competitividade de hoje, temos que estar atentos aos custos supérfluos, cortando-os.Muitos acham que cortar custos é dispensar mão de obra. Mas quem irá executar os trabalhos? Será que a substituição por elemento mais “barato” vai lhe trazer qualidade? Será que estes são os seus custos verdadeiros, ou a falta de organização e administração. Arrumação do material nunca aparece em dados, balancetes, mas que influência tem eles em sua organização? Você já pensou nisto?
Use Custos como uma ferramenta, peça um balancete mensal ao seu Contador ainda que lhe custe uns Reais, some as despesas do mês com as do mês anterior, vá acumulando, observando. Compare com suas vendas e a evolução de um e outro item. Analise e tenha a empresa em sua mão.
Não culpe a globalização, isto é desculpa de políticos que nada sabem e de jornalistas que precisam completar o tempo ou espaço em seu trabalho. Seja dono de seu negocio, qualquer que seja ele.
* Antonio Carlos Colnaghi – O autor é Economista Administrador de Empresas atuando como Consultor, Perito Econômico e Auditor. E-mail: accolnaghi@ig.com.br.