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Crise argentina não deve afetar Brasil

Guarulhos, 09 de março de 2004

Um clima frenético tomou conta da residência presidencial de Olivos, quando a cúpula do governo realizava intensas reuniões para definir se o país daria o calote de uma dívida de US$ 3,1 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que vencerá nesta terça-feira, 09. Se o calote se concretizar, será o maior em mais de meio século de história desse organismo financeiro.

Analistas de mercado, porém, não acreditam que o default afete a economia brasileira. Para Marcel Solimeo, diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo, se o presidente da Argentina optar pelo não pagamento da parcela da dívida, não será surpresa. Mas ele acredita que o mercado já consegue diferenciar melhor o Brasil da Argentina. “O Brasil tem demonstrado um comportamento diferente do argentino. Ele manteve a conduta de seriedade ao longo dos últimos anos, honrando seus pagamentos. Assim, não deverá ser diretamente atingido”.

Apesar da recente iniciativa de altos funcionários argentinos de plantar informação falsa na imprensa de seu país sobre a existência de um acordo com o Brasil para enfrentar o FMI, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para seus colegas do Grupo dos Sete e da Espanha para pedir compreensão em relação ao país vizinho.

Se o calote ocorrer, deve ser uma declaração de guerra à Anne Krueger, a diretora-gerente interina do FMI, que tomou posse na sexta-feira passada após a renúncia de Horst Köhler. Krueger e o governo do presidente Néstor Kirchner possuem um espinhoso currículo de duros confrontos.

Ao longo da semana passada, o governo Kirchner havia deixado claro que só pagaria a dívida se o FMI desse sinais claros e públicos de que pretendia aprovar a segunda revisão das metas econômicas pactadas no acordo assinado em setembro do ano passado. Diante da posição persistente de Kirchner, o representante do FMI, John Dodsworth, entregou ao ministro da Economia, Roberto Lavagna, uma nova versão da carta de revisão das metas. Na carta, o Fundo apresenta um tom mais conciliador sobre as exigências.