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Crediário se recupera devagar, venda a vista segue em baixa

Guarulhos, 22 de abril de 2004

O feriado da Semana Santa e um número menor de dias úteis prejudicaram as vendas do comércio na primeira quinzena deste mês de abril, em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo o Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), houve queda de 1,7% nas consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) – termômetro das vendas a prazo – na comparação com abril de 2003. Nas vendas a vista, sinalizadas pelo UseCheque, a queda foi mais expressiva, de 10,7% no mesmo período.

Levando em conta o acumulado do primeiro trimestre, as vendas a prazo tiveram alta de 7,2% no ano, ante ligeira alta de 0,8% em vendas à vista.

Para o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, o desemprego e a queda de renda ainda são os responsáveis pelo recuo das vendas do consumo de bens não duráveis, adquiridos em compras a vista. Já o consumo de bens duráveis, normalmente pago em parcelas, acaba sendo beneficiado pelos juros menores e a ampliação dos prazos no crediário. Vale lembrar também, que nos últimos dez meses, a taxa básica de juro (Selic) recuou de 26,5% para 16% ao ano.

Expectativa
– Segundo o economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal Emílio Alfieri, até o final deste mês de abril as vendas a prazo (mostradas através do SCPC) devem reagir, fechando com alta de 6,5%. Já as transações a vista (refletidas no UseCheque) devem fechar o período com um desempenho entre 0% e 3% negativo.

“As compras pagas com cheque, em aquisições a vista, dificilmente vão reagir antes do Dia dos Namorados. Nessa data, geralmente aumenta a procura pelos presentinhos, que na maioria das vezes são pagos com cheque”, afirmou o economista. Já as compras a prazo, segundo ele, devem ficar maiores com a proximidade do Dia das Mães, no segundo domingo de maio. Isso porque, nessa época, é comum que o crescimento da procura por produtos de maior valor.

Apesar da Páscoa deste ano ainda ter sido fraca para o comércio, as vendas estão respondendo rápido à queda dos juros. Os prazos do crediário foram alongados de 8 para 12 meses, o que resultou em uma queda de 30% no valor das prestações.

Inadimplência
– A boa notícia é que, por enquanto, a inadimplência é um fator que não preocupa. Na última quinzena os registros recebidos cresceram 5,9%, em relação ao mesmo período do ano passado, mas caíram 9,3% na comparação de abril com março. Já os cancelamentos tiveram queda de 1,7% de abril de 2004 ante abril de 2003, e de 10,4%, em relação ao mês anterior.

Todos os outros indicadores (de falências e concordatas) continuam apresentando queda no período. A expectativa de Afif é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central prossiga na política de corte na Selic para reduzir o spread bancário e compulsórios, recuperando a atividade econômica, emprego, massa salarial e, em conseqüência, as vendas.

Sandra Silva