Consumidor continua receoso
O receio da crise ainda está impregnado no consumidor, mesmo assim, as vendas do varejo na capital paulista apresentavam bons resultados até a primeira quinzena de fevereiro. Mas aí veio o carnaval, o paulistano desceu em peso para o litoral, e o mês fechou com queda de 12,8% nas consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), termômetro das compras a prazo, e de 5,5% no SCPC Cheque, que oferece o panorama das compras à vista. Os números também mostram que o consumidor, com medo de se endividar, continua a dar preferências às compras à vista, que normalmente são de menor valor.
Nos 15 primeiros dias de fevereiro o SCPC registrava ligeira queda de 0,2% e o SCPC Cheque, alta de 5,6%. Esse quadro positivo começou a mudar no dia 21, sábado de carnaval, quando foram feitas 22 mil consultas ao SCPC, menos da metade das registradas no sábado de carnaval de 2008, que chegou a 46 mil. No domingo a diferença foi ainda maior, 3,5 mil consultas contra 13 mil do ano passado. Mesmo depois das festas, na quarta-feira de cinzas, a diferença continuou, 51 mil consultas em 2009 contra 69 mil na mesma data do ano passado.
De acordo com Emilio Alfieri, economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), além da fuga do paulistano para o litoral, o resultado desse ano foi prejudicado devido ao fato de o carnaval ter acontecido nos últimos dias de fevereiro. “É habitual a economia seguir morna do Natal ao carnaval e só então aquecer. Acontece que no ano passado, o carnaval ocorreu na primeira semana de fevereiro, em seguida, a economia entrou em ritmo normal. Nesse ano, o consumidor só deve voltar a comprar agora em março”, diz o economista.
Além disso, fevereiro de 2008 teve 29 dias por ser bissexto. Segundo Alfieri, esse dia a mais respondeu por mais de 3% da queda registrada no SCPC. De acordo com o economista, se a comparação entre fevereiro desse ano e do ano passado fosse feita até o dia 28, a queda no SCPC seria de 9,1% e a do SCPC Cheque de 1,3%.
Com relação aos efeitos da crise, Alfieri acredita que ela esteja derrubando em 6% as consultas mensais aos serviços de proteção ao crédito. Os efeitos da desaceleração da economia também podem ser sentidos pelas promoções e liquidações fora de época realizadas por grandes redes do varejo, como Magazine Luiza, com a “Liquidação 72 horas”, e o Hipermercado Extra, com a “1 Centavo Extra”.
Já a inadimplência registrada em fevereiro manteve-se dentro do patamar de variação dos últimos meses, em 7,8%, na comparação com o mesmo mês do ano passado.