Consumidor ainda reluta em consumir
O Natal dos pequenos presentes, anunciado em primeira mão pelo Diário do Comércio, foi confirmado pela pesquisa de intenções de compra para dezembro do Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (Fia) da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com o estudo, 64,5% dos 408 entrevistados no final de novembro não têm a intenção de comprar bens duráveis para o Natal. Em 2002, o resultado era bem mais favorável ao setor, já que apenas 27,5% afirmaram não pretender adquirir artigos como móveis, eletrodomésticos e material de construção.
“A informação é negativa para o segmento de duráveis, mas indica que os recursos da população poderão ser desviados para outras áreas em que os bens têm menor valor, ou para a quitação de dívidas, como mostraram os números mais recentes sobre cancelamento de registros de inadimplência”, explica o professor João Paulo Lara de Siqueira, um dos coordenadores da pesquisa de consumo do Provar.
Ele acredita que apenas algumas categorias do comércio terão desempenho positivo neste fim de ano. “O estudo indica que o cidadão sente que o orçamento está apertado e, com exceção às lojas que comercializam produtos eletrônicos, como telefones celulares e câmeras digitais (para a classe média), o varejo de bens duráveis deve amargar a queda na disposição de população em gastar com presentes de Natal”, afirma Siqueira.
Pior que antes – A pesquisa do Provar derrubou a expectativa de quem considerou a divulgação anterior (referente ao último trimestre) demasiadamente negativa, por revelar que 55% dos entrevistados não tinham a intenção de comprar bens duráveis e semi-duráveis. “A sondagem para as pretensões de consumo no último mês do ano comprovou que não havia sido cometido nenhum equívoco no estudo anterior, e veio apenas confirmar a falta de segurança das pessoas em gastar com produtos de valor mais elevado”, diz o coordenador da pesquisa.
Linha branca – Embora as informações não sirvam para animar os varejistas que trabalham com eletrodomésticos, vale a pena destacar que 75% das pessoas que esperam parcelar uma compra de maior valor escolheram prioritariamente o segmento de móveis para esse crediário.
Em segundo lugar, com 70,4% das opções, foi verificada a intenção de financiar a compra de itens linha branca de eletrodomésticos (como fogão, geladeira e lavadora de roupa). Depois vieram: automóveis, eletroeletrônicos e produtos de informática, respectivamente.
Juliana de Moraes