Consorciados fica mais inadimplente
Uma em cada quatro pessoas que entram em consórcios não vai conseguir pagar as prestações. A inadimplência, de 25%, é o grande fantasma das administradoras. Este ano, o número de consórcios fechados é quase o dobro do que todo o ano passado, principalmente os de produtos mais baratos, como aparelhos eletro-eletrônicos.
“Quando há um índice de desemprego imediato, o reflexo também é imediato. De uma forma geral, ele reflete muito rapidamente através da desistência ou através de uma inadimplência. Mas quando é um desemprego em massa, aí é que nós sentimos muito mais fortemente”, fala Consuelo Amorim, presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio (ABAC).
Uma saída foi a adoção do seguro contra a inadimplência. Se um associado não paga, o seguro cobre.
“A própria seguradora faz a cobertura dessas parcelas em aberta que o consorciado deixou”, explica a gerente de consórcio Patrícia Hernandez.
Mas pelo menos 40% dos 3 milhões de consorciados do país não estão cobertos por qualquer tipo de seguro.
Numa linha de frente contra a inadimplência, o consórcio colocou 11 pessoas só na tarefa de recuperar clientes. O número de consorciados que não estão pagando suas cotas já caiu 20%. A tática mais eficiente é óbvia: oferecer uma negociação. São funcionários treinados na arte do convencimento.
“Estamos aqui para ajudar para isso mesmo. Fazemos da melhor forma possível”, diz a operadora de telemarketing Gilmara Castilho.
O vidraceiro José Ramalho, entrou num consórcio de caminhões há cinco anos. Ele teve que interromper o pagamento das prestações por 10 vezes, a cada período difícil nos negócios. Para não abandonar o sonho do caminhão novo, ele negocia. Empurra as prestações que não consegue pagar. Para o fim do contrato.
“Não tem outra saída. Para não perder tudo não posso mais parar. Estou num beco sem saída”, lamenta José Ramalho.