Confisco da poupança fez 20 anos
Imagine acordar e ser informado, pela televisão, que a caderneta de poupança que você conseguiu reunir nos últimos anos, os investimentos e o dinheiro em banco que ultrapassasse um valor determinado pelo Ministério da Economia, não pertence mais a você a partir do dia seguinte. Ou melhor, pertence, mas ficará indisponível pelos próximos 18 meses – um sacrifício que todo brasileiro deverá fazer para conter uma inflação que, no prazo de um ano, alcançou estratosféricos 4.853%.
Não se trata do roteiro de um filme B de ficção, mas de uma realidade que os brasileiros acima de 40 anos de idade devem se lembrar bem até hoje. Afinal de contas, se não sentiram na pele as consequências da medida por conta da pouca idade que tinham então (era 1990), devem ter algum conhecido que, de um dia para o outro, viu todas as suas economias deixarem de lhe pertencer.
Há 20 anos, no dia 15 de março de 1990, esse era o roteiro do Plano Collor, anunciado pela então ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello. Tão grande foi a repercussão desse episódio que a própria Zélia passaria depois para o ostracismo profissional; o fato mais relevante que gerou foi se tornar uma das esposas do comediante Chico Anysio. Hoje, Zélia mora com os dois filhos em Nova York.