Chuva em Guarulhos já supera em 20% o volume previsto para o mês de janeiro
A pouco mais de uma semana para o fim do mês, já choveu 20% a mais do que o previsto na cidade durante o período. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão era de 260 milímetros até o final de janeiro – cada milímetro corresponde a um litro por metro quadrado. Com a chuva da madrugada de ontem, a cidade já soma 314 milímetros. Até ontem, havia chovido mais em Guarulhos do que na capital, onde o índice pluvial era de 309 milímetros.
Apesar de ser um nível considerado alto, a meteorologista do Inmet, Neide Oliveira, considera que “o número é normal para o período, em que há muita nebulosidade sobre a capital paulista e a região metropolitana”.
Só na madrugada de quarta-feira, choveu 48 milímetros na região central, segundo o Laboratório de Meteorologia da Universidade Guarulhos (UNG). Os bairros Vila Any e Jardim Izildinha ficaram tomados por conta da água das cheias do rio Tietê. No Jardim Presidente Dutra, uma ponte que fica no final da rua Caetano, sobre o rio Baquirivu-Guaçu, ameaça cair por conta de uma erosão de solo, semelhante à mostrada pelo Guarulhos Hoje na terça-feira. A assessoria de imprensa da Defesa Civil informa que foram atendidas “apenas três ocorrências, porém nenhuma delas significativa”: a queda de duas árvores e um refluxo de esgoto. Segundo o órgão, ontem não havia registros de deslizamentos e alagamentos na cidade.
Mas o Guarulhos Hoje esteve na região da Vila Any, onde várias casas sofrem com os alagamentos desde o início de dezembro, e constatou que a situação era a mesma. O estudante Leonardo da Silva, 17, ajudava no aterramento de uma casa que foi prejudicada pela chuva. “Não sobraram móveis dentro de casa. Vamos tentar colocar a terra no fundo do quintal, que é por onde a água entra”, explica.
Algumas pessoas nem chegaram a dormir por causa da enchente. “A água vinha até a altura do meu joelho. Quando ameaça a chover, ninguém dorme para tentar salvar o pouco que tem. Eu mesma já perdi tudo, os móveis que têm dentro da minha casa são aqueles que acho na rua”, relata a autônoma Maria do Carmo, 51 anos, moradora da viela Inadaiatuba.
No Jardim Izildinha, uma moradora da rua Guaiçara, também não conseguiu dormir. “Quando o rio enche, entra cobra no quintal de casa e na casa dos vizinhos. Nem dormi com medo de a água entrar em casa, fica todo mundo apreensivo”, diz.
Para a Vila Any, a Defesa Civil ressalta que está agilizando o processo documental de cadastro das famílias para a entrega do auxílio moradia. Serão, aproximadamente, 157 famílias beneficiadas na região.
Acesso à Ayrton Senna é bloqueado – Além dos alagamentos, a chuva provocou reflexos na rotina dos guarulhenses durante o dia de ontem. Por volta das 10h, a Polícia Militar Rodoviária bloqueou a rodovia Hélio Smidt, no km 4, que dá acesso à rodovia Ayrton Senna, por conta do alagamento na Marginal Tietê. Entre a fila de veículos que se formou por conta do bloqueio, o clima era de indignação. “Estou indo para Osasco e tenho de pegar a Marginal [do Tietê]. Consigo passar, mas tenho de ficar parado porque a pista está bloqueada. Acaba atrasando muito”, comentou o caminhoneiro Everaldo João Alves, 43. O trecho foi liberado às 11h30. Também pela manhã, na rodovia Presidente Dutra, os congestionamentos chegaram a 15 km, desde o km 215 até o km 230.