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Cautela antes de solicitar crédito

Guarulhos, 06 de agosto de 2001

Situação atual exige análise rigorosa da real necessidade de recursos. Antecipação de duplicatas e cheques é uma saída..

Todo cuidado é pouco para as pequenas indústrias e empresas do comércio quando o assunto é a necessidade de crédito. Com o faturamento encolhido pela conjugação de fatores negativos de ordem econômica – racionamento de energia elétrica e crise no país vizinho, que já tornou constantes as altas do dólar e dos juros, administrar o caixa da empresa pode se transformar em uma verdadeira maratona, a fim de não fechar o ano no vermelho. Correr de empréstimos de curto prazo (que embutem um custo maior), taxas de juros a perder de vista (como de capital de giro, que pode chegar a quase 5% ao mês) e antecipação de recebíveis (como duplicatas, cheques pré-datados e faturas de cartão de crédito) são as dicas de especialistas na área de crédito. Mas o que deve fazer o empresário que já saiu do azul faz tempo? Passo a passo – Neste caso, a consultora Graziella Thomaz da Silva, da MGB Consultoria, aconselha o empresário a primeiro manter a calma, não correndo para o primeiro banco que acena com a possibilidade de um empréstimo. “É preciso ter cautela. O melhor é o empresário buscar se informar sobre os produtos existentes no mercado e qual melhor se enquadra às suas necessidade”, diz. Para quem necessita de capital para abastecer a loja com novos produtos ou comprar matéria-prima para a produção, a saída, mesmo que não das melhores, pode estar em antecipar os recebíveis. “Os juros para o desconto de duplicatas e cheques são bem mais atraentes do que recorrer, por exemplo, ao cheque especial (cujas taxas, muitas vezes, ultrapassam 8% ao mês)”, avisa Graziella Silva. No entanto, é bom que o empresário tenha consciência que, ao optar por este tipo de instrumento de crédito, ele estará jogando fora parte do lucro obtido com a venda. Duplicatas – Mas uma vantagem de recorrer à antecipação de recebíveis está no fato de o empresário não estar se endividando, apenas recebendo antes uma venda programada para o futuro. “É muito pior quando o empresário não têm estes instrumentos, necessitando de uma linha de capital de giro, sem garantias. É um dinheiro que ele terá de honrar no futuro, mesmo sem saber se terá vendido o suficiente para isso”, diz Graziella. Cartão de crédito – Com a antecipação de faturas de vendas pagas com cartões de crédito, porém, é preciso um pouco mais de atenção. Os custos com o recebimento de vendas através dos plásticos já são bem salgados e, portanto, qualquer outro tipo de encargo pode transformar o lucro em prejuízo. O lojista já tem de arcar com o pagamento de um aluguel da máquina que capta as transações, hoje em torno de R$ 65. Também destina um porcentual, que varia de 1% a 5% do faturamento, para as administradoras de cartões. Isso sem dizer que o empresário só é reembolsado em 30 ou 40 dias. Para imaginar o que acontece então ao lojista que decide antecipar estes pagamentos, basta somar a esta lista de encargos, taxas de até 3%, que é o que um banco cobra para antecipar o dinheiro – no banco Real, por exemplo, elas variam de 3,2% a 3,9% -, e se perguntar: será que vale a pena?