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Brasil e México discutem acordo automotivo

Guarulhos, 04 de abril de 2002

O Brasil e o México pretendem concluir no final deste mês as negociações da nova versão de seu acordo automotivo, que prevê o livre comércio no setor entre os dois países em 2006.

Conforme informou um técnico do governo, os negociadores brasileiros conseguiram a concordância dos mexicanos para regras que vão impedir que veículos fabricados naquele país com peças e componentes americanos ou canadenses venham a se beneficiar do acordo.

O secretário de Desenvolvimento da Produção, Reginaldo Arcuri, disse que a rodada permitiu um avanço expressivo nas negociações do acordo, mas alguns pontos precisam ser avaliados pelas montadoras de cada país. Entre eles, a relutância das empresas mexicanas em incluir caminhões e ônibus no acordo e até mesmo os volumes de veículos que serão beneficiados.

Do lado mexicano, as negociações desta quarta foram conduzidas pelo secretário de Desenvolvimento do Ministério da Economia, Hector Marques. Segundo Arcuri, já há consenso sobre a redução da tarifa de importação para um determinado volume de veículos, que aumentará anualmente.

Mas falta definir as quantidades desses produtos. No primeiro ano de vigência do acordo, a alíquota aplicada será de 1%. A partir do segundo ano, cairá para zero. Em 2006, haverá livre comércio de veículos entre os dois países. Atualmente, a tarifa aplicada pelo Brasil a esses produtos é de 35%; a do México, 23%.

O acordo deve envolver, em princípio, o comércio de automóveis de passeio, veículos comerciais leves e máquinas agrícolas e rodoviárias. Conforme explicou o técnico do governo, o acerto alcançado nesta quarta sobre as regras de origem impedirá o desembarque no Brasil de veículos mexicanos com alto conteúdo de partes e peças fabricados nos Estados Unidos ou no Canadá – ou até mesmo automóveis montados naqueles países.

Este era um dos principais temores do País. O México importa 450 mil veículos por ano, principalmente dos Estados Unidos e do Canadá, países com os quais mantém um acordo de livre comércio, o Nafta. Esse volume corresponde a 50% de seu mercado. A produção mexicana é de 2 milhões de unidades ao ano, das quais 75% são exportados para aqueles mesmos países.

O Brasil, por sua vez, conta com uma produção anual de 1,8 milhão de veículos, dos quais 20% destinados ao mercado externo. O mercado interno é de 1,6 milhão de unidades, e apenas 10% desse volume é importado.

Tanto México quanto Brasil têm pressa em concluir essas negociações até junho, no máximo, quando expira a vigência do atual acordo entre os dois países nesse setor. Fechado há quase quatro anos, o atual acerto previu a redução da tarifa de importação para 8%, para uma cota de 50 mil veículos ao ano.

Por causa dessas regras, o México tornou-se no ano passado o segundo maior mercado para os automóveis brasileiros. As exportações do País alcançaram US$ 521,2 milhões.

Uma vez concluídas as negociações na área automotiva, Brasil e México devem recomeçar as conversas sobre a redução de tarifas para os demais setores. Todos esses acordos bilaterais estão amparados por um acerto maior, entre o Mercosul e o México, que tem o objetivo de evoluir para a criação de uma zona de livre comércio.

Denise Chrispim Marin