Bancos vão investir pesado em tecnologia
A expansão do setor financeiro, o processo de consolidação bancária e as novas exigências do governo vão fazer com que os bancos brasileiros invistam pesado em tecnologia da informação neste ano e no próximo. Principalmente, os bancos de varejo. No ano passado, de acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) o total investido pelas instituições chegou a R$ 3,5 bilhões. Mas neste ano de 2003, o orçamento de apenas cinco dos maiores bancos brasileiros – Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander Banespa e Unibanco – já supera em R$ 700 milhões tudo o que foi desembolsado no ano passado por todo o setor.
O Banco do Brasil, por exemplo, aplicou de 1995 até o ano de 2002 R$ 3 bilhões em TI e somente neste ano de 2003 serão investidos quase metade deste total: R$ 1,2 bilhão. Especificamente em 2002 foram R$ 750 milhões. O vice-presidente de tecnologia e infra-estrutura do BB, José Luiz de Cerqueira César, diz que é preciso fazer a modernização de produtos e serviços. Ao todo 350 projetos estão em andamento no BB e está prevista a substituição de aproximadamente 50 mil microcomputadores para equipar melhor os caixas. Além disso, é necessário dinheiro para promover a ampliação da rede de atendimento do banco. Durante este ano, mais de 255 agências serão abertas, além de 1.200 novos postos de atendimentos em empresas. “Estamos diante de um cenário de crescimento do banco, ampliamos a base de clientes e até ano passado não se falava em microfinanças ou em bancarização”, disse Cerqueira César. “Por isso mesmo, o nível de investimento deve se manter nos próximos anos”.
Microfinanças e bancarização são os termos do novo projeto do governo que vai exigir que os bancos brasileiros se adequem para conceder crédito e demais serviços bancários à população de baixa renda. A ação do governo ganhou respaldo no setor, principalmente porque trata-se de um projeto social e a imagem das instituições que não participarem podem ficar arranhadas. Mas a nova ação vai exigir investimentos por parte dos bancos e também vai ajudá-los a crescer.
O vice-presidente executivo do Santander Banespa, José de Paiva Ferreira, concorda que a expansão do setor está exigindo muitos investimentos. O banco prevê que de 2001 a 2004 o investimento médio seja de R$ 500 milhões em tecnologia para assegurar equipamentos modernos para seus clientes. “Estamos preparando o banco para o crescimento”.
Além do lado social, o setor financeiro vem atendendo aos requerimentos de melhorias de performance das aplicações e nos níveis de proteção do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) que iniciou em abril do ano passado. De acordo com o gerente da Divisão de Consultoria em TI e telecomunicações da IDC Brasil, Jayr Pimentel, mesmo com os investimentos pesados iniciais requeridos pelo SPB já concluídos, a prioridade agora é adquirir soluções de segurança.
Fora as novas regras do governo federal, os bancos também estão integrando suas compras recentes. Neste ano, o Bradesco tem a tarefa de adaptar o Mercantil do Brasil e o BBV Banco e por isso vai gastar até o fim do ano mais de R$ 1 bilhão em tecnologia. Até julho já foram investidos R$ 770 milhões, segundo informações da instituição. O Itaú também vai usar grande parte de R$ 1,2 bilhão programados para investimentos em tecnologia em 2003 para adequar os bancos que comprou recentemente. Isso se faz necessário para melhorar a qualidade dos caixas eletrônicos, por exemplo, das instituições que adquiriu. Além disso, outros R$ 500 milhões serão usados pelo Itaú para custeio de novos projetos, entre eles o de assinatura digital e também biometria.
Foram estes fortes investimentos bancários que ajudaram a colocar o Brasil como líder na América Latina no desenvolvimento em tecnologias, segundo relatório global de Tecnologia da Informação 2002/2003 do Fórum Econômico Mundial. De um ano para o outro o Brasil passou de 49º para 32º no ranking mundial. “Esse avanço foi puxado pelo governo e pelas instituições financeiras, disse o superintendente-técnico do Itaú, Gerôncio Mota Menezes Filho. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que os bancos destinam anualmente 9,7% do patrimônio a investimentos em TI, mais que o dobro da média nacional.