Balancete ajuda a gerenciar o caixa
Escolher o tipo de balancete certo pode garantir às pequenas e médias empresas uma maior folga no fluxo de caixa. É pelo balancete que as empresas demonstram seus números e, dependendo da análise feita, pagarão mais ou menos impostos, isto é, terão maior ou menor volume de dinheiro disponível. O balancete é obrigatório para todas as empresas, sejam fechadas ou de capital aberto.
“Muita gente não sabe, mas quando uma empresa não tem lucro, ou seja, apresenta estabilidade ou prejuízo, não é preciso pagar imposto de renda. O universo de empresas que pagam mais impostos do que precisam é grande. Esse dinheiro poderia estar no caixa, evitando a tomada de empréstimos”, afirmou Elaine Perosi, gerente contábil da Total Services, empresa do Grupo Trevisan.
Segundo ela, esse problema pode ser evitado. “Existe muita gente despreparada no mercado, que não prioriza a qualidade do trabalho, mas a quantidade. O empresário tem de conhecer o assunto para gerir melhor seu negócio, mas o contador tem a obrigação de saber dessas informações”, disse.
Poucos empresários sabem da obrigatoriedade do balancete de verificação, independentemente do porte da empresa. É nesse documento, que deve ser entregue aos sócios e para a fiscalização da Receita Federal, que serão apresentadas as relações entre os ativos – investimentos, estoques, imóveis, máquinas, automóveis – e os passivos (dívidas, pagamento de empréstimos, tributos, pagamento de juros). Nessa demonstração de resultados vai aparecer o lucro ou o prejuízo da empresa.
A escolha do balancete passa antes, necessariamente, pelo tipo de tributação escolhido pela empresa: se sobre o lucro real ou pelo lucro presumido. Se o empresário escolheu o lucro real, o balancete pode ser de dois tipos, o trimestral e o anual. Este último ainda sofre uma subdivisão, podendo ser por suspensão (em que deve ser apresentado todo mês e no final do exercício) e por estimativa (apresentado apenas no final do exercício).
“Não há uma fórmula pronta. A definição do balancete mais adequado depende do ramo de atividade da empresa”, afirma a especialista
Apesar disso, Elaine destaca alguns pontos: “Se uma empresa estiver com prejuízo, o melhor balancete será o lucro real por suspensão, porque o empresário conseguirá diluir o prejuízo na tributação, já que não se paga imposto de renda nessa situação”, explicou. “Já uma empresa com lucro o ano inteiro deve fazer uma demonstração com lucro real trimestral. Assim, o pagamento do imposto de renda e outros tributos serão feitos de três em três meses, garantindo mais dinheiro no caixa da empresa”.
No caso de uma empresa que, ao longo do exercício, apresentar alternância de lucro e prejuízo, o melhor balancete será, novamente, o de suspensão. “Se optasse pelo lucro real trimestral, a empresa conseguiria diluir apenas 30% sobre o lucro, no restante seria cobrado imposto de renda”, comentou
Como escolher um contador
De acordo com Elaine Perosi, o contador não deve ser procurado apenas no fim do ano (ou do exercício) ou quando for época da declaração de imposto de renda. “Muitas empresas cometem, no dia-a-dia, erros contábeis que podem ser classificados como crimes. O contador deve conviver com a empresa, deve entender tudo o que envolve o empreendimento. Só assim conseguirá fazer um bom trabalho”.
Porém, é preciso tomar cuidado com os profissionais mais preocupados com a quantidade que com a qualidade do trabalho. Para não passar por isso, o empresário pode tomar algumas precauções, como verificar se o contador é habilitado pelo Conselho Regional dos Contabilistas (CRC).
Paula Freitas