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Aumento de imposto deve reduzir vendas

Guarulhos, 19 de abril de 2002

arteA perspectiva de elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) está preocupando os empresários do comércio, que já começam a rever a expectativa de melhoria do desempenho do setor a partir de maio. “Estamos perplexos com a possibilidade de elevação da alíquota”, disse o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Sebastião Mauro Figueiredo Silva.

Segundo ele, as conseqüências negativas para o comércio vão ocorrer no crediário e até mesmo na falta de estímulo do consumidor, que “acaba se retraindo com medo de ficar inadimplente”. Para Figueiredo Silva, caso o aumento seja confirmado, os segmentos mais afetados serão as próprias financeiras que trabalham com o comércio e as lojas de móveis, automóveis e eletrodomésticos.

Ele explicou que os lojistas esperavam melhora nas vendas a partir de maio por causa da coincidência de eventos importantes para o setor como Dia das Mães, lançamento das coleções de inverno e proximidade da Copa do Mundo. “As vendas de televisores para a Copa, por exemplo, serão prejudicadas”, disse.

Impacto imediato

Concorda com ele o economista do Instituto Fecomércio do Rio de Janeiro e da PUC-RJ, Luiz Roberto Cunha. Para ele, o aumento temporário do IOF terá “impacto muito forte sobre a atividade econômica, especialmente o comércio”. O argumento é que as mudanças nas taxas de juros não têm conseqüências imediatas no comércio, enquanto qualquer alteração no IOF tem “impacto imediato” sobre o setor. Os segmentos mais afetados, segundo Cunha, serão os bens duráveis, especialmente eletrodomésticos e automóveis. “Quanto mais alto o valor do produto, maior a necessidade de financiamento e, portanto, os efeitos”, disse.

Cunha lembrou que o comércio vem registrando quedas consecutivas nas vendas. “O setor está demorando a deslanchar e o IOF será um impacto adicional”, afirmou. O comércio varejista amargou queda de 1,25% nas vendas nos últimos 12 meses até fevereiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor vem apresentando quedas consecutivas nas vendas desde abril do ano passado, trajetória só interrompida em outubro em conseqüência do Dia das Crianças.

Jacqueline Farid