Aumento da Cofins pode ser repassado para os preços
O presidente da Nestlé, Ivan Zurita, que se reuniu nesta quarta-feira, 03, com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, juntamente com um grupo de empresários, alertou para a possibilidade de os consumidores acabarem sendo prejudicados com a medida provisória (MP) da Cofins, que acabou com a
cumulatividade do imposto mas para isso aumentou a alíquota para até 7,6%.
Segundo ele, a indústria teve um ano díficil, com altos índices de
desemprego e carga tributária, e as empresas podem repassar para os preços o aumento da alíquota. O presidente da Nestlé disse ainda que o impacto da MP no setor de alimentos ficará em torno de 3,5%.
– A gente já vem de um ano difícil, de desemprego elevado, já vem de uma carga alta e finalmente, se você ainda aumenta os impostos e a empresa não pode absorver, isso vai para o consumidor – disse Zurita.
O grupo de cerca de 20 empresários pediu que o governo crie exceções para setores prejudicados pela medida provisória. Na reunião com Rachid, cada representante apresentou os impactos da medida em seu setor. Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safra Simão, no caso da construção civil, por exemplo, a MP vai resultar em aumento de 2,3% na carga tributária do setor.
– Temos que convecê-los que algumas medidas dessas terão que ser alteradas – disse Simão.
Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Paulo Skaf, propôs que a MP preveja uma abertura para que o Executivo possa ajudar separadamente setores que sofram distorções com a medida. Os empresários afirmaram que Rachid defendeu a MP, mas abriu espaço para negociar.
– Foi uma reunião positiva e o secretário mostrou que há o compromisso reiterado de não haver aumento da carga tributária – disse Skaf.
Rachid também teria afirmado que a MP não prevê o aumento da carga tributária, que é um compromisso do governo com o setor produtivo dentro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Uma próxima reunião entre a Receita e os empresários que são membros do Conselho vai ser marcada para sexta-feira ou segunda-feira para continuar debatendo o assunto.
Martha Beck