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Apagão volta a preocupar com início da seca

Guarulhos, 07 de maio de 2002

arteO mês de maio se tornou um marco para o desempenho futuro da economia brasileira. Mais uma vez pode determinar a incidência ou não de um novo apagão. Além de registrar dois meses sem o danoso racionamento de energia elétrica – o que é fundamental para a retomada da indústria nacional -, este mês marca também a data do anúncio do governo para o fim dos subsídios cruzados das contas de luz, que fazem com que os consumidores residenciais paguem tarifas maiores pela energia para compensar os baixos valores pagos pela indústria, e o início do período seco, quando as barragens das hidrelétricas começam a baixar.

Nesse último item, o mês de maio não traz boas lembranças para o empresário brasileiro. “Em maio de 1999 os níveis dos reservatórios estavam em 70%, mais ou menos como estão hoje. Isso quer dizer que no mês de novembro próximo os níveis dos lagos deverão estar por volta de 18%, pois daqui para frente as chuvas serão escassas. Portanto, caso o governo não tome medidas preventivas eficazes, um novo racionamento de energia elétrica será necessário para se evitar um colapso no sistema nacional”, explicou José Alberto Pratini de Moraes, geólogo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

Por sorte ou não, conforme o boletim de acompanhamento do Operador Nacional do Sistema (ONS), o consumo de energia na região Sudeste verificado nos cinco primeiros dias de maio está 9,16% abaixo do estimado para o período pós-racionamento. Porém, de acordo com Moraes, os números sobre o consumo médio do mês de maio refletem, no entanto, a ocorrência de um feriado e um final de semana, quando os gastos de energia são menores, além do rescaldo do comportamento do consumidor no período do consumidor.

“Esse consumo mostra a inércia do comportamento do consumidor por causa do racionamento. Em 2001, em abril, o consumo estava em 4%. Mas, de maio em diante esse índice deve superar a casa dos 10%”, informou.

Reservatórios – Com a redução drástica das chuvas, os reservatórios do Sudeste já começam a mostrar sinais de esvaziamento. No final do mês passado, os níveis atingiram 69,23%, contra os 68,89% registrados nesse início de maio. Para Moraes, essa queda está sendo registrada desde a primeira quinzena de abril, proporcionalmente à diminuição do volume das chuvas.

“Desta vez o governo está percebendo isso e anunciou a redução dos subsídios cruzados a partir do ano que vem, o que pode beneficiar o consumidor. Mas investir em termelétricas não é o melhor caminho, pois demandam elevados investimentos e degradam o meio ambiente”, disse.

A redução dos subsídios cruzados devem ocorrer gradativamente a partir do ano que vem. Isso ocorrerá à medida que a energia dos contratos iniciais começar a ser liberada. Devem ser liberados desses contratos 25% da energia a cada ano, até que, ao final de quatro anos, a distribuidora passará a comprar energia livremente. “É certo que a população precisa continuar racionando energia, mas o governo precisa pagar por isso, deixando de subsidiar a indústria em detrimento do consumidor”, completou Moraes.

Nas represas com capacidade de geração da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), os níveis estão na média das hidrelétricas do Sudeste, ou seja, em 70%. Em Três Marias, São Simão, Nova Ponte, Camargos, Emborcação, e Furnas os níveis atuais de água estão com tendência de queda devido à redução do volume das chuvas. Ontem, os reservatórios apresentavam 71,53%, 89,98%, 52,04%, 93,32%, 60,66% e 85,82%, respectivamente, de suas capacidades de armazenamento. No mesmo período do ano passado, os lagos estavam com 30,79%, 57,62%, 19,22%, 60,08%, 28,09% e 16,71%, respectivamente.