Analistas apostam na volta do crédito comercial
O anúncio do tão esperado acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) deixou o mercado financeiro otimista e os empresários esperançosos com a volta do crédito ao comércio exterior. O diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, acredita que, em 15 dias, no máximo, deverá ser normalizado o financiamento ao comércio exterior. “Os bancos já podem retomar as linhas externas com tranqüilidade pois o risco Brasil praticamente acabou”.
Os bancos concordam com ele. “É uma demonstração de que o Brasil ainda merece credibilidade dos investidores internacionais”, disse o diretor da área internacional do Unibanco, Carlos Catraio. No mercado internacional, a reação também foi das melhores. O estrategista-chefe de câmbio do HSBC, em Nova York, Marc Chandler, disse que o acordo é impressionante e que seu porte (US$ 30 bilhões) trará um “enorme alívio” não só para os países latino-americanos como para todos os emergentes em dificuldades.
Fernando Ferreira, da Global Invest, disse que o fato de o FMI ter mantido a exigência de um superávit primário de 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB) não cria constrangimentos para os candidatos a presidente, já que os três primeiros colocados nas pesquisas já se comprometeram com a meta atual.
O grau de confiança na economia brasileira ficou claro, para o economista do ING Bank, Marcelo Salomon, pois o Fundo não estabeleceu esforço fiscal extra. “Também não houve exigência de comprometimento fiscal do próximo governo, além do que já está na Lei de Diretrizes Orçamentárias”, disse.
Para o economista do BBV Banco, Octávio de Barros, “não existe chance do novo presidente não assinar o acordo. As condições foram extremamente favoráveis. O mais importante é a possibilidade do próximo governo sacar US$ 24 bilhões no Fundo, pois isso reduz muito os riscos de mudança nos contratos de dívida pública”.
Marcelo Mesquita, estrategista do suíço UBS Warburg, é mais cético. “A pressão da panela foi contida até o dia 1 de janeiro”, disse. A seu ver, o acordo conseguirá pôr fim às atuais turbulências, mas a calma será temporária. “Se o próximo governo não agir com maturidade política e econômica poderá pôr tudo a perder.”