Alta da Selic irá prejudicar as vendas de Natal
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) não surpreendeu. Mas desapontou. O aumento de 0,5 ponto porcentual dos juros, o segundo com essa dimensão seguido, que elevou a taxa Selic para 17,25% ao mês, abafou as expectativas do comércio de vendas melhores neste final de ano.
Na avaliação do presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, o problema de mais um aumento dos juros não está apenas no comprometimento das vendas de final de ano, mas também no fato de o comércio fechar o ano com um nível de estoque mais elevado. Isso, lembra Guilherme Afif, atingirá em cheio os pedidos feitos à indústria para o próximo ano, colocando em risco as vendas.
“Pode até ser que 0,5 ponto não faça um grande estrago nas vendas de dezembro, mas aquilo que os empresários pensavam em vender, comparado ao estoque que fizeram, fica comprometido”, diz o presidente da Associação Comercial.
Ele lembra, ainda, do impacto que a decisão do Copom terá nos investimentos das empresas, que devem recuar com a alta.
Para o economista Marcel Solimeo, superintendente do Instituto Gastão Vidigal, é duvidoso que esse aumento dos juros vá ajudar a segurar a inflação. “Ao contrário, ele atua de forma negativa sobre o consumo e sobre a produção”, diz.
A decisão pelo aumento foi unânime depois de quase quatro horas de reunião. Com mais 0,5 ponto nos juros, a taxa Selic, que serve de base para a formação de outras taxas, como as cobradas nas operações de empréstimo, chega ao maior valor desde dezembro de 2003. A decepção também atingiu outros setores.
Roseli Lopes