Acordo com FMI seria um “colchão”
Para secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, acerto com o Fundo seria uma prevenção contra eventual turbulência, em 2004.
O secretário para Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto, disse nesta quarta-feira, 29, que a renovação do acordo do Brasil com o Fundo Monetário internacional (FMI) funcionaria como um “descompressor” para o período pós-Fundo.
“A possibilidade de assinatura do acordo decorre apenas do que foi sinalizado pelo mercado e por nós de criar uma descompressão entre o acordo e o período pós-Fundo. Vamos fazendo as coisas gradualmente, apresentando um colchão para uma eventual turbulência no ano que vem. A idéia é essa descompressão”, disse Canuto após participar da assinatura de dois grupos de trabalho com o governo espanhol.
O secretário destacou que o fluxo de pagamentos do País no exterior em 2004 está tranqüilo, assim como a situação fiscal. Por isso, destacou ele, a renovação do acordo teria uma função preventiva. Na sua avaliação, a tranqüilidade do balanço de pagamentos sinaliza a tendência de se ter um acordo mais preventivo.
“Mais de prevenção e não de necessidade de aporte de recursos”, ressaltou, acrescentando que o acordo funcionaria como um seguro ao País. “Não é tomar um empréstimo. É pegar um seguro”, disse Canuto.
Ao ser questionado sobre os riscos de turbulências no cenário externo que o Brasil possa enfrentar, disse que, a rigor, todo mundo se preocupa com os desequilíbrios entre as economias desenvolvidas e também com a possibilidade de uma não recuperação da economia mundial. Mas destacou que esses são riscos que estão sendo reduzidos a cada dia que passa.
“Os sinais de recuperação da economia norte-americana são sustentáveis e, de certa forma, o dólar tem deslizado e se ajustado em relação às outras moedas de forma gradual, o que tende a fazer com que, no futuro, o problema de desequilíbrio na conta corrente norte-americana deixe de ser tão preocupante como é hoje.” Para o secretário, no plano internacional, “o cenário está indo bem”. “A cada dia as boas notícias têm predominado sobre as más notícias”, afirmou.
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse que um novo acordo com o FMI é um ingrediente para o crescimento da economia, mas deu a entender que, se for assinado, o aperto fiscal será mantido. Afirmou que um superávit de 3,5% e 3,75% do PIB não é confortável.