Notícias

Abrir conta em banco custa mais para empresas

Guarulhos, 12 de novembro de 2002

Abrir conta corrente de pessoa jurídica num banco custa até R$ 161,00 para o empresário. O preço inclui quatro serviços básicos prestados no início do relacionamento entre cliente e banco.

Com um pouco de atenção e negociação, no entanto, é possível fazer economia. A diferença entre o custo mais alto, R$ 161,00 (Bradesco), e o mais baixo (Real ABN Amro), R$ 37,88, é de 375%, entre os 7 maiores bancos pesquisados pelo DCI. As tarifas foram obtidas no site do Banco Central.

As instituições financeiras lembram dois pontos quando o assunto é tarifa: dizem que elas não são cobradas em todas as ocasiões, ou de todos os clientes; e garantem que o preço pago é apenas o repasse do custo do serviço prestado, que não seria feito de graça.

Variação de 300%

De fato, os bancos têm razão quando explicitam que a prestação de serviços tem um custo que não deve ser assumido pela instituição. Por outro lado, entretanto, o empresário tem o direito de questionar a discrepância entre os valores cobrados, ou seja, por que a tarifa de manutenção de conta varia 300%, entre R$ 5,00 e R$ 15,00, por exemplo.

Segundo Fátima de Paula, técnica de estudos e pesquisas da Fundação Procon-SP, como as tarifas são livres, não há nada no Código de Defesa de Consumidor que possa ajudar o correntista bancário nesse sentido.

O órgão cobra, porém, que as normas estabelecidas pelo Banco Central, como a exposição das tabelas de produtos e serviços em locais visíveis nas agências, sejam cumpridas. “Muitas vezes elas ficam atrás de uma coluna, onde nem todo mundo enxerga”, lembra Fátima. A falta de padrão na nomenclatura, além de especificações confusas sobre os serviços, são outros problemas a ser combatidos, segundo Fátima.

Antes de abrir a conta em um novo banco, ela acredita que o cliente deve pesquisar, para saber qual instituição lhe convém, pelo menor preço.

Em relação aos pacotes ou cestas de serviços, que são vendidos pelos bancos em troca da isenção de determinadas tarifas, a recomendação de Fátima é para que o empresário tenha atenção e, de preferência, verifique se os serviços que terá grátis serão realmente utilizados.

Prós e contras de concentrar

Uma saída para diminuir o custo com tarifas seria concentrar as operações numa única instituição, ou em um número reduzido de bancos. Desta forma, haveria maior poder de barganha para pedir descontos. Entretanto, na opinião de Carlos Fagundes, da consultoria Integral Trust, essa não é uma alternativa interessante para o pequeno e médio empresário.

Segundo ele, as empresas de pequeno porte precisam muito de empréstimos de capital de giro, e, ao diminuírem o relacionamento bancário, perdem também o limite total de crédito que conseguiam no mercado. Além disso, elas ficam vulneráveis a um eventual corte de limite, que o banco pode fazer.

Procura por bancos menores

Fagundes acredita que a única opção da pequena empresa para fugir das tarifas seja procurar bancos menores, que não trabalhem com grandes redes de agências. “Os bancos pequenos querem ganhar com os juros da operação de crédito e não na prestação de serviços”, argumenta. “Só os grandes fazem dinheiro com prestação de serviço, porque atingem um grande número de clientes”.

A recomendação do consultor é para que o empresário trabalhe com vários bancos e assuma o custo da tarifa, que, na comparação com a perda de crédito, é o menor ônus.

Fernando Torres