Abram-se as portas para os funcionários criativos
Não existe escolha. Se engana quem pensa que ser criativo ainda é um diferencial de mercado. Pelo contrário: estimular a criatividade entre os funcionários é uma questão de sobrevivência. O risco de não criar um ambiente corporativo que estimule o surgimento de idéias criativas é o de desperdiçar talentos e abrir espaço para que a concorrência inove primeiro. A busca pelas boas idéias começa com a sinalização, dentro da empresa, de que elas serão bem recebidas.
De acordo com o diretor da Faculdade de Computação e Informática da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Victor Mirshawka Junior, as empresas não ganham investindo em cursos de criatividade para seus funcionários quando internamente não há flexibilidade para fazer diferente. “É como o modelo antigo de caixa de sugestões, em que as propostas sugeridas ficavam soltas, sem retorno”.
Canal – Nessa linha, segundo o professor, o primeiro passo para a mudança de comportamento é criar um canal eficiente para receber as idéias dos funcionários, como um portal para ser usado internamente. “Todos os pontos precisam ter retorno, mesmo que não sejam aceitos. As boas idéias devem ser premiadas. O conselho da empresa tem que aceitar a inovação como valor estratégico”, afirma.
De acordo com Victor, muitas empresas já estão diante da urgência de inovar a partir de idéias criativas. “Há quem diga, por exemplo, que os CDs podem cair em desuso até 2008 por conta dos downloads feitos pela internet. Ninguém pode mais se dar ao luxo de não inovar”, explica.
Grupo Algar – Entre as empresas mais abertas ao recebimento de idéias dos funcionários no País está o Grupo Algar, que reúne empresas de telecomunicações, agronegócio, serviços e entretenimento. “No Grupo Algar, qualquer funcionário pode avaliar processos em qualquer área, dentro de uma política eficiente de gestão de idéias”, explica Victor.
Segundo o professor, a maior valorização da criatividade dentro das empresas veio com o aumento da concorrência no mercado. “Não existe mais a lógica de que os funcionários são fiéis às suas empresas, mas sim à remuneração e às melhores condições de trabalho oferecidas”, afirma.
Cursos – Na Faap, os alunos de todos os cursos de graduação e pós têm aulas de criatividade desde 1995, quando a disciplina foi implantada nas primeiras faculdades. “A proposta é estimular a formação de profissionais criativos e empreendedores, sobretudo em tempos de crise do emprego formal”, diz Victor. Para o professor, o estímulo à busca por idéias criativas independe da área. “Um advogado, por exemplo, pode tentar descobrir novas formas de interpretar uma lei”, afirma.
Isabela Barros