A difícil tarefa de quem gerencia duas empresas
Quem administra duas empresas tem de se desdobrar para conseguir resolver os imbróglios dos negócios. Não misturar as finanças dos dois empreendimentos, dividir o tempo de dedicação a cada um deles e contratar uma pessoa de confiança estão entre as atitudes dos empresários que têm sucesso comandando dois negócios.
O médico João Carlos Filie, de São Paulo, é um dos profissionais que está se saindo bem à frente de duas empresas. Dono da clínica Córdoba, no bairro paulista de Itaquera, Filie aguardou o momento certo para investir num segundo negócio, uma franquia da Bit Company. “Quando a clínica não precisava mais de investimentos pesados e já estava dando retorno financeiro, procurei uma segunda atividade empresarial”, afirma Filie. Para abrir a franquia da Bit, Filie não fez empréstimos. “Todo o lucro que ganhava no centro médico fui guardando já com a finalidade de iniciar um segundo negócio. Não queria misturar as contas das empresas. Quando tinha o dinheiro para investir, decidi montar a franquia”, afirma o médico.
Segundo Guilherme Pereira, consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), de São Paulo, analisar o investimento antes de entrar num segundo negócio é o fator que determina a continuidade da empresa. “O empreendedor precisa saber quanto vai gastar, quanto de dinheiro pode tirar da companhia que já funciona. Nunca se deve descapitalizar um negócio que está dando certo em favor de outro que está no início”, diz Pereira.
Dividir o tempo – A organização do tempo é outro desafio para os empresários que administram dois negócios. O empreendedor Antonio Park, de São Paulo, vive entre os bairros do Jardim Paulista e Bom Retiro. No primeiro local, Park é dono de uma franquia de estética da Onodera. No segundo endereço, fica a confecção, a primeira empresa de Park. Atualmente, a Onodera exige mais atenção do empresário. A empresa foi inaugurada há quatro meses. “Neste período, estou me dedicando mais à Onodera porque ainda não conheço o funcionamento do negócio. A loja de roupas já anda sozinha. Passo lá só para ver se está tudo certo. Em geral, está”, diz Park.
Para gerenciar o tempo, os consultores ouvidos pelo Diário do Comércio sugerem aos empresários que definam prioridades. O profissional tem de ser flexível. É preciso saber quando uma empresa precisa de mais atenção que a outra. “Nessas ocasiões, ter uma pessoa de confiança em, pelo menos, um dos negócios é muito importante”, afirma a consultora Raquel Schiavon Sanchez, diretora da consultoria Talento, de São Paulo. O funcionário de confiança pode ser uma pessoa da família ou um profissional contratado. “No caso de um empregado que não for da família, o empresário precisa ter cuidado na hora de fazer a seleção e criar mecanismos de controle”, diz Raquel.
Relatórios – Os relatórios são considerados os meios mais eficientes para se controlar uma empresa, quando não se pode estar o tempo todo presente. Eles podem ser diários ou semanais. “Para controlar empregados que têm de visitar empresas para apresentar o produto, por exemplo, o empreendedor pode pedir um relatório que informe o número de companhias visitadas por dia”, afirma Raquel. Estipular metas por empregados também é uma outra forma do empresário estar por dentro do que acontece na ausência dele. “É possível definir metas semanais. No fim de cada semana, o funcionário tem de ter feito um número de tarefas”, afirma Pereira, do Sebrae.
Cláudia Marques