A dura luta pelo primeiro emprego
Entrar no mercado de trabalho ficou mais difícil para os jovens. Em meio à crise, o preenchimento das vagas disponíveis está condicionado a exigências cada vez maiores. A conquista do primeiro emprego mostrou leve recuperação no mês passado, com a geração de 9 mil oportunidades, após três meses seguidos de cortes.
De olho nesse cenário, o presidente Lula disse, durante evento em Pernambuco, que “o período mais difícil da crise no Brasil já passou”. Em dezembro, cerca de 650 mil postos de trabalho foram perdidos no País. Especialistas dizem que a previsão para os próximos três meses é ambiciosa.
De acordo com o diretor de marketing e planejamento da Apoena Consultoria Organizacional, Reinaldo Gomes Júnior, os empresários brasileiros ficaram mais seletivos com a turbulência. “As vagas diminuíram e a exigência aumentou.” O executivo realiza treinamentos em grandes empresas como Nestlé, Avon e O Boticário. “Fechamos 2008 com crescimento de 17% no faturamento em relação ao ano anterior, mas em fevereiro registramos queda de 15%. Ao cortar gastos, as empresas diminuem primeiro o treinamento.”
Para quem procura o primeiro emprego, ele recomenda o cadastro em sites de recursos humanos. Já as empresas continuam necessitando de funcionários dedicados, bem treinados e com vontade de aprender. “Nesse caso, o conhecimento de jogos corporativos para temas diversos, de dinâmicas e planos de carreira pode ser uma boa saída”.
A Catho Online percebeu as oscilação no mercado de trabalho no início de 2009. Pesquisa sobre os setores que aumentaram as contratações em janeiro de 2009 ante igual período do ano anterior mostra o comércio na 13º colocação, com 14% de aumento nas vagas, junto com o de informática.
Segundo o diretor de marketing, Adriano Meirinho, a retração não é homogênea. Houve fechamento de postos de trabalho em algumas empresas, enquanto outras continuaram a contratar e oferecer oportunidades. “Na Catho, percebemos essa oscilação, mas continuamos a oferecer cerca de 214,7 mil vagas.”
Para a consultora de recursos humanos Gláucia dos Santos, os recém-formados são os mais favorecidos neste ano. “As áreas de comércio e atendimento ao cliente contrataram mais jovens, apesar de a abertura de vagas de emprego ter diminuído, no geral,” observa.
No grupo Pão de Açúcar, o programa de trainees emprega 21 recém-formados. De acordo com a gestora de recursos humanos, Rosângela Florio, o principal requisito é o interesse pelo varejo. “Ser dinâmico e gostar de desafios também são fundamentais”. Como as vagas só abrem no meio do ano, ainda não há um número certo de inscrições. “Mas a expectativa é de que mais jovens trabalhem conosco neste ano.”
Historicamente, o jovem é o que mais sofre na hora de encontrar trabalho. No ano passado, a taxa de desemprego na faixa etária de 18 a 24 anos aumentou em todas as regiões, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Em São Paulo, o número de jovens desempregados cresceu 50% nos últimos dez anos. Eles já representam 33% dos paulistas nessa situação.