Renovação do acordo com FMI pode sair
O governo analisa a possibilidade de renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi o que disse, Charles Collyns, chefe da missão do Fundo que visita o Brasil, ao deixar uma reunião com o presidente do Banco central, Henrique Meirelles.
Collyns ressaltou que a decisão sobre o assunto não foi tomada ainda. Espera-se que seja feita em março. Após o encontro com Meirelles, o representante do FMI elogiou a condução da política monetária brasileira. “O curso da política monetária está no rumo certo para trazer a inflação para a meta”, disse Collyns.
Em aberto – Até agora, integrantes da equipe econômica vinham salientando a intenção de não renovar o acordo, mas o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não fechou as portas para a possibilidade de mantê-lo. Em várias ocasiões, ele ponderou que não tomará uma decisão antes da hora prevista.
Membros da equipe de Palocci dizem, nos bastidores, que a renovação com o Fundo Monetário pode trazer mais segurança ao País, em um momento de retomada do crescimento sustentado. A exemplo do que está em vigor, o novo acordo poderia ser apenas um forma de ter recursos à mão para casos de emergência. Até agora, o governo brasileiro não sacou nenhum centavo do FMI no novo programa.
Inflação – Durante a reunião de quarta-feira, 02, relatou Collyns, Henrique Meirelles teria falado sobre a preocupação com a persistência da inflação no Brasil e o quanto é importante trazê-la para baixo. O chefe da missão do FMI também comentou as ações do Banco Central no sentido de recompor as reservas internacionais.
“É muito apropriado que o Brasil eleve o nível das reservas, mas é importante que o BC não influencie as taxas de câmbio”, disse. Para o economista do FMI, as taxas de câmbio têm de refletir a realidade do mercado. Collyns também disse que a queda do dólar frente ao real verificada nos últimos dias não tem influenciado as exportações do País. “As exportações do Brasil estão crescendo de forma bastante sustentada”, disse. O chefe da missão do Fundo Monetário disse ainda que a economia brasileira está forte e que a saúde das contas externas é muito boa.
Os técnicos estão no País desde o final da semana passada para a décima e última revisão do programa que mantém com o Brasil. Além de levantar os dados da economia referentes ao último trimestre de 2004, a missão fará um estudo mais completo, como previsto no artigo 4.º do estatuto do FMI. Por ele, todos os países membros do Fundo devem passar por revisão anual, tendo ou não programa em andamento.
Se as contas forem aprovadas, o Brasil ganhará o direito de retirar 910 milhões de Direitos Especiais de Saque, ou algo em torno de US$ 1,4 bilhão. Como tem feito desde o fim de 2003, quando renovou o acordo, o País não deve sacar os recursos. Assim, o crédito acumulado pelo Brasil deve somar perto de US$ 14 bilhões.