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Recuperação alcança pequena empresa

Guarulhos, 06 de outubro de 2004

Finalmente a tão falada recuperação da economia chega às micros e pequenas empresas. Depois de amargar um primeiro semestre fraco, elas registraram aumento no faturamento real em agosto de 0,9% na comparação ao mesmo período do ano passado. É a primeira vez no ano que o segmento registra crescimento. Já em relação a julho, a alta foi de 3,7%, colaborando para que as empresas encerrassem o mês com faturamento de R$ 18,8 bilhões, o que significa R$ 675 milhões a mais que julho.

O resultado faz parte dos Indicadores Sebrae-SP divulgados nesta terça-feira, 05, data em que se comemorou o Dia da Micro e Pequena Empresa. Portanto, mais um motivo para comemorar. “Os dados mostram que o crescimento é consistente, já que outros indicadores também foram positivos”, afirma Pedro Gonçalves, economista do Sebrae-SP.

Para confirmar o bom momento, houve crescimento de 0,7% no pessoal ocupado em relação a julho, com a criação de 34 mil novas vagas, e de 1,8% sobre 2003. “Essas contratações mostram que os empresários continuam otimistas com a economia e acreditam que o crescimento veio para ficar”, diz Gonçalves. Também o gasto com salário aumentou em agosto, 1,2% em relação a julho e 4,8% no acumulado dos últimos 12 meses.

Indústria em alta – A exemplo das grandes empresas, em que os setores mais beneficiados com a retomada são os ligados ao comércio exterior, também nos empreendimentos de porte menor são as indústrias que puxam o crescimento, com alta de 6,3% sobre julho e de 14,6% ante agosto de 2003. “A indústria é mais beneficiada porque fornece insumos para as grandes que exportam”, explica Gonçalves.

Apesar disso, o superintendente do Sebrae, José Luiz Ricca, afirma que também os setores ligados ao mercado interno já dão sinal de recuperação. No comércio, o faturamento cresceu 2,5% sobre julho, favorecido pelo Dia dos Pais.

Em relação ao emprego, houve crescimento de 1,8%, que colaborou para o aumento dos gastos com salário: 2,5%. Na comparação com o mesmo período de 2003, entretanto, o resultado ficou estável, com queda de 0,1%. “Embora o desempenho ainda seja fraco, representa melhora no faturamento nas comparações anteriores, que apresentaram perdas reais”, diz o economista da entidade, Pedro Gonçalves.

Serviços – As micro e pequenas empresas de serviços tiveram alta de 3,9% no faturamento sobre julho, mas perda de 3,3% ante agosto do ano passado. Para o superintendente do Sebrae, a demora da recuperação das micro e pequenas empresas do comércio e serviços pode ser atribuída à lenta recuperação do poder aquisitivo da população.

“Esses dois setores atendem principalmente o mercado interno. Por isso o crescimento só vem acompanhado da melhora dos salários”, acredita José Luiz Ricca.

Regiões – Embora a indústria tenha puxado o faturamento do setor, foi o interior, através do agronegócio, a única região a ter crescimento na receita em relação a 2003: 1,8%. Enquanto isso, a Região Metropolitana de São Paulo, apesar do aumento da receita em agosto sobre julho de 5,7%, na comparação com o ano passado houve redução de 0,3%. Já os pequenos empreendimentos do ABC, apesar de registrarem crescimento no faturamento de 5,4% sobre julho, viram a receita sua diminuir em 12 meses em 6,4%.

Com base nesses resultados, a equipe do Sebrae-SP acredita que o cenário econômico se manterá positivo para as micro e pequenas empresas nos próximos meses. Mas ele acredita que a remuneração do trabalhador deve ser motivo de atenção, pois da sua recuperação depende o aumento do consumo interno e, conseqüentemente, do faturamento do segmento.

Patrícia Büll