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A hora e a vez dos pais. Será o fim da lembrancinha?

Guarulhos, 02 de agosto de 2004

Este ano o Dia dos Pais pode ser um pouquinho mais “gordo”, com a volta dos presentes de valor mais alto, como TVs, DVDs, barbeadores elétricos, ferramentas e, mais uma vez, os celulares. Pelo menos é isso o que indicam os números atuais da economia. A taxa básica de juros (Selic) em 16% ao ano, a recuperação (lenta, mas contínua) dos empregos e da renda, além do aumento das vendas a prazo nos últimos meses são alguns dos sinais de que o desempenho do varejo em agosto deste ano pode ser bem diferente de 2003.

Na primeira quinzena do mês dos pais no ano passado, as vendas a prazo, sinalizadas pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), caíram 5,8% em relação a 2002. Já as transações a vista, refletidas nas consultas ao UseCheque, registraram queda de 5,7% na mesma comparação. “Naquela época convivíamos com uma taxa Selic de 24,5% ao ano e um cenário de retração econômica. Tivemos um Dia dos Pais da lembrancinha”, afirma o economista Emílio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Ele lembra que nem o frio, que chegou com força alguns dias antes da data comemorativa, foi capaz de incentivar os filhos. Mas o cenário, hoje, é bem diferente. “Temos uma situação de recuperação da atividade econômica e fechamos tanto o primeiro semestre quanto o mês de julho com índices positivos no SCPC e no UseCheque”, diz Alfieri.

O economista acredita que nesta primeira quinzena de agosto os números devem continuar bons, com uma média de elevação de 5,5% nas vendas do varejo. Ele ressalta, porém, que esse quadro otimista deve ser visto com cautela. “Temos um cenário de recuperação aos patamares de 2002, mas ainda não está configurada uma volta do crescimento sustentável. Essa constatação só poderá ser feita daqui a dois meses.”

Em outubro de 2003, as vendas a prazo tiveram o primeiro desempenho positivo considerável, com uma expansão de 9,8% sobre o ano anterior. Por isso, se neste ano o mês registrar uma elevação, ela poderá ser caracterizada como um crescimento real.

Estela Cangerana