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Na China, Lula tenta ampliar comércio bilateral

Guarulhos, 24 de maio de 2004

No segundo dia da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, representantes dos governos brasileiro e chinês deverão assinar 11 acordos que visam impulsionar a relação bilateral, vista como estratégica por Brasília e por empresários. Em um restaurante de rodízio de carnes de Pequim, o presidente Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, comemoraram 30 anos de casados. Além do casal presidencial, estavam presentes no almoço sete ministros e cinco governadores.

O casal ganhou um vaso chinês e um buquê de flores do gerente da churrascaria, o brasileiro Celio Cella, que também serviu bolo aos convidados. Cella fez um rápido discurso em chinês e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, se encarregou da “tradução simultânea”, apesar de não dominar a língua. Na verdade, o ministro já sabia o que o funcionário iria falar e resolveu fazer uma brincadeira com os convidados. Depois do churrasco, Lula e Marisa visitaram o Palácio de Verão, uma das principais atrações turísticas de Pequim.

A comitiva do governo inclui o chanceler Celso Amorim e, além de Furlan, os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, das Minas e Energia, Dilma Rousseff, do Planejamento, Guido Mantega, da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e do Turismo, Walfrido dos Mares Guia. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vai direto a Xangai. Há ainda seis governadores e 11 parlamentares.

Uma demonstração de interesse do setor privado na China está na delegação empresarial de cerca de 400 pessoas, a maior que já partiu do Brasil, acompanhando os representantes do governo. Há interesse também dos chineses de investir e vender para o Brasil. De acordo com Ricardo Amorim, secretário executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, contribui para isso o fato de o país asiático ter reservas de mais de US$ 400 bilhões e de o governo querer dar um destino positivo a toda essa liquidez.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aproveita a viagem para mostrar projetos que o Estado precisa colocar em prática, e que estão parados por falta de recursos. Entre eles estão o de US$ 60 milhões necessários para recuperar o porto de Santos.

Após o almoço, o presidente e sua esposa estiveram no Palácio de Verão dos Imperadores, um dos pontos turísticos mais visitados de Pequim, um luxuoso complexo de palacetes, jardins e lago. Depois, o presidente foi ao evento de inauguração do escritório da Petrobras na China, em que estavam presentes empresários brasileiros e chineses.

Nesta segunda-feira, 24, começa a programação oficial, na qual Lula fará o encerramento do Seminário Brasil-China: Comércio e Investimentos. À tarde, no Palácio do Povo, será recebido pelo presidente chinês, Hu Jintao.

O Brasil restabeleceu relações diplomáticas com a China há 30 anos. Desde que assumiu o governo, o presidente Lula colocou o país asiático como uma das prioridades da política externa brasileira. O interesse no país, que tem crescido a taxas anuais reais de 9% nos últimos anos, está em participar de um mercado crescente e não tradicional para o Brasil, diversificando as exportações brasileiras. E, assim, ter uma relação que fortaleça o Brasil em negociações com países desenvolvidos, em foros como a Rodada Doha de Desenvolvimento da Organização Mundial do Comércio.

– O Brasil tem de ter alternativas, oportunidades, tem de aumentar a quantidade de parceiros (comerciais) – afirmou Ricardo Amorim.

O governo não quer apenas aumentar o comércio, que já vem crescendo de forma significativa, e os investimentos nos dois sentidos, mas também elevar o valor agregado das vendas aos chineses. Das exportações brasileiras de US$ 4,5 bilhões no ano passado, soja, minério de ferro e produtos siderúrgicos respondem por 63% do total. As importações somaram US$ 2,1 bilhões, levando, portanto, a um saldo positivo para o Brasil.

Claudia Mancini