Vendas a prazo sustentam reação do comércio varejista
A média diária de consultas ao Sistema Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que sinaliza vendas a prazo, registrou alta de 6,6% entre os dias 1º e 11 de abril na comparação com o mesmo período do ano passado. Já as consultas ao Usecheque, que representam as vendas a vista e com cheque pré-datados, tiveram queda de 3,4%. Os dados dos primeiros dias do mês foram divulgados pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Segundo Emilio Alfieri, economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP, a exemplo dos primeiros meses do ano, são as vendas a crédito que estão sustentando o varejo. “Em comparação com o mesmo período de 2003, os juros das compras a prazo estão relativamente mais baixos. Além disso, o comércio alongou o prazo para as vendas parceladas, o que torna as compras um pouco mais acessíveis”, afirma Alfieri.
No lado oposto, de acordo com o economista da ACSP, a retração nas vendas a vista é reflexo da renda reprimida e da queda do poder aquisitivo do consumidor. Não à toa, são as vendas que mais dependem do salário que continuam caindo, como, por exemplo, as de produtos de supermercado.
Para Alfieri, esses números mostram que a demanda continua fraca: mais um sinalizador para a queda da taxa de juros (Selic), na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “Não vemos risco de uma explosão de consumo que possa causar inflação. Afinal, a renda do trabalhador continua reprimida”, lembra o economista.
Retrospectiva – Embora o primeiro trimestre do ano tenha apresentado crescimento no número de consultas ao SCPC (7,2%) e uma tímida alta ao Usecheque (0,8%), essa recuperação ainda está longe da esperada. Alfieri salienta que a base de comparação é muito fraca, pois em 2003 a economia manteve-se estagnada.
Patrícia Büll