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Emprego industrial tem alta de 0,14%

Guarulhos, 16 de fevereiro de 2004

O nível de emprego nas indústrias do Estado de São Paulo cresceu 0,14% em janeiro, o melhor resultado para o mês em nove anos (em janeiro de 1995 a taxa ficou em 0,39%). O avanço representa 2.123 novos postos de trabalho. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o indicador foi puxado, principalmente, por setores ligados às exportações – lâmpadas e aparelhos elétricos de iluminação (5,20%) e fundição (3,95%), por exemplo.

Outra participação importante, mas voltada ao mercado doméstico, foi a do setor de máquinas e equipamentos rodoviários e ferroviários (2,60%), impulsionado por encomendas da empresa Vale do Rio Doce. Os segmentos que apresentaram as maiores quedas foram os produtores de massas alimentícias e biscoitos (4,88%) e de papelão (4,19%).

Frente a esse resultado, a previsão é de que o emprego industrial cresça até 2,25% em 2004, com a geração de 35 mil novas contratações. Para isso, além da continuidade do bom desempenho das exportações, o mercado interno também precisa ser reaquecido, observa Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp. Na área exportadora é esperada a criação de cerca de 15 mil novos postos, enquanto que o restante ficaria por conta dos setores atrelados ao consumo doméstico.

Ele explica que a produção para a demanda interna necessita de um contingente maior de trabalhadores do que aquela voltada ao mercado externo. Porém, para que a população brasileira retome seu poder de compra, é preciso que os juros caiam mais e estimulem a busca pelo crédito. “A inflação está contribuindo para esse movimento, como apontam os últimos indicadores inflacionários, mas as vendas do comércio ainda estão bastante retraídas”, acrescenta.

Com essa perspectiva, Vaz acredita que um corte de 1,5 ponto percentual na taxa Selic já na reunião de fevereiro do Copom traria melhores condições para a economia do país. “Tal redução não causaria problemas no plano inflacionário e ajudaria a aquecer as vendas do comércio e a produção industrial”, comenta. Segundo ele, o Banco Central está devendo a queda de janeiro e a decisão deste mês poderia ser “algo dois em um”. “O setor industrial não quer que o governo cometa aventuras. Apenas acreditamos que existem limites e que eles devam ser testados com responsabilidade”. Vaz disse que o crescente otimismo do mercado internacional com os ativos brasileiros indica a existência de investidores dispostos a continuar no país mesmo com juros menos vantajosos.

Vaz afirmou também que o dado deste primeiro mês de 2004 ficou dentro das expectativas, mas poderia ter sido melhor: boa parte das contratações temporárias do final do ano só foram efetivadas em janeiro e não em dezembro, como geralmente acontece.

Raquel Salgado