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Venda on-line deve crescer 40% no Natal

Guarulhos, 19 de dezembro de 2003

Apesar de o consumidor brasileiro andar com o cinto apertado, os varejistas eletrônicos devem movimentar R$ 170 milhões no Natal, um acréscimo de 40% em relação às vendas do ano passado, de R$ 120 milhões. Os dados integram uma pesquisa da e-bit, revelada com exclusividade ao Valor, e mostram outros sinais de avanço do comércio eletrônico. O primeiro é o valor das compras. A previsão é de que o ticket médio vai chegar ao recorde de R$ 310 a R$ 312, acima, portanto, da média de R$ 281 do ano passado.

Outro indicador é a disposição do consumidor em gastar na web. A maioria dos entrevistados (85%) vai comprar mais de um presente via internet e 10% planejam fazer a maior parte das compras na rede.

As expectativas baseiam-se no crescimento do varejo on-line nos meses anteriores, principalmente nas últimas semanas, quando a curva se acelerou. “Na segunda quinzena de novembro, o número de compras cresceu 45% em relação ao mesmo período do ano passado”, diz Pedro Guasti, diretor-geral da e-bit. A previsão do instituto é de que o comércio eletrônico vai fechar o ano com R$ 1,2 bilhão em negócios, um crescimento de 41% sobre os R$ 850 milhões de 2002. Para 2004, a projeção é crescer mais 30%, para R$ 1,6 bilhão. E isso sem contar as vendas de passagens aéreas e automóveis.

A comodidade de comprar e receber o produto em casa continua um dos principais chamarizes, mas os sites estão oferecendo cada vez mais vantagens para aproveitar a oportunidade de fim de ano. Uma delas é a oferta de crédito. No Shoptime.com, o financiamento, que se estendia de seis a oito vezes, foi esticado para doze. “Isso gera custo operacional porque passamos a receber em 120 dias o que recebíamos em 60, mas o volume compensa”, diz Marcelo Lobianco, diretor de marketing do Shoptime. Em setembro do ano passado, antes de uma ampla reformulação no site, a internet representava 31% da receita da empresa, que também vende via televisão e catálogo. Hoje, a participação é de 43%.

Na rede Extra, do Pão de Açúcar, a web também não pára de crescer. “O grupo tem 500 lojas e dois sites – Extra e Pão de Açúcar – e a internet ocupa o papel de primeira ou segunda loja em venda de eletrônicos”, diz Jonas Ferreira, gerente-geral de comércio eletrônico do Extra. A estimativa, na empresa, é de um crescimento de 35% a 40% no número de pedidos no Natal. Evolução semelhante, de 45%, é esperada no Submarino.

A Americanas.com, braço digital da Lojas Americanas, não faz projeções, mas tem registrado evolução significativa, diz Beto Ribeiro, gerente de comunicação. De janeiro a setembro, a receita foi de R$ 166 milhões, quase todo o movimento de 2002, de R$ 170 milhões. O aumento, no período, foi de 65,8%.

No Yahoo, a expectativa é de encerrar 2003 com crescimento anual de 150%. “Os negócios vão muito bem”, diz Guilherme Ribenboim, diretor de comércio eletrônico. O Yahoo tem um shopping com 15 lojas, incluindo Submarino, Ponto Frio e Americanas.com. Por um sistema de busca, o usuário compara preços nas lojas e segue para o site selecionado. “Recebemos comissão por compra ou pela transferência do consumidor para a página.”

O crescimento do comércio eletrônico em um ano no qual o varejo tradicional sofreu bastante mostra uma oportunidade e, ao mesmo tempo, um desafio. É consenso que apenas de 10% a 15% da base de internautas – um contingente de 2,5 milhões de pessoas – compra via internet. Trata-se de uma base seleta, que perdeu menos poder de compra em relação à massa, o que resguarda o mercado. Como o grupo é pequeno em relação ao potencial, os varejistas acreditam que nos próximos dois ou três anos o Natal continuará apresentando crescimento significativo. Para explodir, porém, será necessário atingir as classes menos favorecidas e isso só será possível com um amplo movimento de inserção digital, no qual o país só engatinha.

João Luiz Rosa