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Bancos esperam juro médio de 15% em 2004

Guarulhos, 15 de dezembro de 2003

Os bancos esperam uma redução média de um ponto percentual no juro básico da economia na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa nesta terça-feira, 16, e termina na quarta, 17. Se confirmada, a taxa Selic encerrará 2003 em 16,5% ao ano. A previsão faz parte do levantamento feito pela Federação Nacional dos Bancos (Febraban) com 53 instituições financeiras. Na opinião dos departamentos de economia dos bancos, a redução da Selic pode variar entre 1 e 1,5 ponto percentual.

Os bancos têm sido conservadores para opinar sobre o corte de juros. Na reunião de novembro do Copom, os bancos apostavam que a queda alcançaria, no máximo, um ponto percentual, e o Banco Central surpreendeu ao reduzir a Selic em 1,5 ponto percentual, para 17,5% ao ano. Para se ter uma idéia, o Copom iniciou o movimento de queda de juro em junho, mas só em agosto os bancos previram pela primeira vez que a Selic poderia chegar a dezembro abaixo de 20%. Naquele mês, os bancos apostaram numa taxa de 19,85% para o último mês do ano.

– Acredito numa redução de 1,5 ponto percentual porque o nível de atividade econômica está muito baixo e a inflação está sob controle – afirma Roberto Luiz Troster, economista-chefe da Febraban.

Para 2004, os economistas das instituições financeiras acreditam que o juro médio ficará em 15% ao ano, chegando a dezembro em 13,91%.

Os bancos estão otimistas com o comportamento da economia brasileira em 2004. Neste levantamento, a média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimada para 2004 é de 3,55%, acima dos 3,3% de aumento que os bancos previam um mês antes, em novembro. O aumento é expressivo e decorre de outros bons indicadores avaliados pelo mercado financeiro. Os bancos acreditam que o risco-país encerrará 2003 abaixo dos 500 pontos e chegará ao fim de 2004 abaixo dos 450 pontos. A inflação acumulada em 2004, na opinião deles, será de 6,12%. A inflação deste ano deve ficar entre 9,02%.

O economista-chefe da Febraban já havia dito que o crescimento de 3,5% para 2004 é um patamar mínimo e que a economia poderá ter um desempenho bem melhor. Na avaliação dele, o crescimento de 3,7% em 2004 é quase certo.

Na avaliação de Mauro Schneider, estrategista para América Latina no ING, não há qualquer dúvida no curto prazo para que o Banco Central reduza o juro acima de um ponto percentual. Ele acredita, no entanto, que o Banco Central deve optar pela previsibilidade e reduzir aos poucos, mantendo a trajetória de declínio por mais tempo.

– O que resta de incerteza é de médio prazo, pois não se sabe o efeito da queda de juro determinada pelo BC até agora. O interessante para o governo é continuar a reduzir o juro pelo período mais longo possível – diz ele.

Schneider diz que juro é como barbante, serve para puxar, mas não para empurrar a economia para frente. Além disso, a alta do juro foi forte e abrupta e seus efeitos ainda são sentidos na atividade econômica, que corre o risco de entrar em 2004 sem o impulso esperado.

Cleide Carvalho