Notícias

FMI aponta risco de “derrapada” fiscal

Guarulhos, 18 de setembro de 2003

O Brasil não pode vacilar na política fiscal, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI). Qualquer “derrapada” fiscal tornará o País vulnerável a mudanças para pior, na atual fase positiva das expectativas econômicas globais. As razões são o crescimento econômico ainda baixo, a grande necessidade de financiamento externo, a desaceleração dos investimentos estrangeiros diretos e o alto prêmio de risco que o País ainda paga, apesar da redução espetacular desde o pior momento em 2002.

Essa análise consta da Perspectiva Econômica Mundial, documento semestral do FMI, divulgado em Dubai, onde se realiza o encontro anual do FMI e do Banco Mundial. “A política fiscal permanece essencial para sustentar a confiança – especialmente o cumprimento da meta de superávit fiscal primário (exclui juros) de 4,25% neste ano e no médio prazo”, diz o documento, na parte que trata do Brasil.

O Brasil aparece sob uma lente positiva na Perspectiva Econômica Mundial, apontado como fator de melhora da América Latina. O FMI projeta crescimento de 1,5% para o País neste ano e de 3% em 2004, com inflação respectivamente de 15% e 6,2% (estas projeções não são comparáveis com o IPCA fechado do ano). O déficit em conta corrente brasileiro, para o Fundo, deve ficar em 0,8% em 2003 e 1,5% em 2004. Todas essas previsões já têm alguma defasagem. No documento anterior, de abril, as projeções de crescimento eram de 2,8% e 3,5%, respectivamente, para 2003 e 2004.

Em relação às economias emergentes, o FMI detectou uma melhora significativa no financiamento internacional, causada em grande parte pela recuperação do Brasil. Os fluxos líquidos de capitais para os mercados emergentes, na projeção do Fundo, devem atingir US$ 110 bilhões este ano, o maior nível desde 1997. Na América Latina, porém, o fluxo líquido projetado em US$ 28,3 bilhões significa apenas uma volta ao nível próximo a US$ 30 bilhões em 2001.