Fundos prefixados atraem mais o investidor
Os fundos DI (com rendimento pós-fixado atrelado ao juro do Certificado de Depósito Interbancário) e os de renda fixa (com rentabilidade prefixada) continuam os preferidos dos investidores. Esses dois fundos lideram as captações, que se tornaram positivas pela primeira vez em 12 meses na indústria depois da crise que sacudiu os fundos em maio de 2002. O movimento dos investidores em direção a esses fundos está em linha com a análise de especialistas que consideram a relação entre risco e possibilidade de ganho ainda bastante atraente nos fundos de renda fixa e DI.
Pelos dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), os fundos receberam este ano, R$ 33,89 bilhões de novos recursos, valor correspondente a 7,9% do patrimônio total da indústria, de R$ 426 bilhões. Os fundos que mais atraíram recursos foram, pela ordem, os de renda fixa, que acolheu quase a metade do dinheiro novo; os fundos mistos, principalmente multiportfólios; os fundos de previdência privada; e os fundos DI. As carteiras de ações perderam R$ 1,14 bilhão e os fundos cambiais foram reforçados com R$ 631 milhões em depósitos.
Para Jorge Simino, gestor da Unibanco Asset Management (UAM), os fundos de renda fixa estão liderando a captação por causa da expectativa de queda da taxa básica, atualmente de 24,5% ao ano. Os fundos de renda fixa têm a carteira formada predominantemente por títulos prefixados, em que o juro é previamente definido. A rentabilidade dos fundos DI é dada por taxas pós-fixadas de acordo com a variação do juro do CDI, que anda emparelhado com a taxa Selic. Paulo Cesar Werneck, superintendente-executivo da ABN AMRO Asset Management, diz que aplicadores e gestores estão mais atentos também ao nível de risco de seus investimentos após a crise de 2002. “As vendas de produtos são mais cuidadosas e o investidor está mais instruído.”
Indicação dessa mudança está no próprio retorno aos fundos, que retomaram também a rentabilidade, após perder momentaneamente para a caderneta e os CDBs em meados do ano passado. Os fundos de renda fixa acumulam rendimento líquido médio de 12,02% no ano e os fundos DI, 12,54%. No mesmo período, a caderneta rende 7,80% e os CDBs para pequenas quantias (R$ 5 mil), 10,66%.
Os dados da Anbid indicam ainda que o investidor brasileiro continua avesso a aplicações com risco elevado. Embora as previsões sejam otimistas para as ações – a ABN AMRO estima avanço de até 22% para a Bolsa até o fim do ano -, os investidores continuam resistindo a aplicar em renda variável, comenta Werneck. Simino prevê alta do dólar para até R$ 3,20 no segundo semestre, mas aposta que os fundos de renda fixa e DI devem continuar levando vantagem.