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Maior procura por títulos em janeiro

Guarulhos, 20 de dezembro de 2002

O Tesouro Nacional espera um forte aumento da procura dos investidores por títulos em janeiro. “Tudo indica que a demanda por títulos deve aumentar muito em janeiro”, disse o coordenador da dívida pública do Tesouro, Paulo Valle. Segundo ele, essa expectativa é baseada nos resultados positivos obtidos com as ofertas de títulos nos meses de novembro e em dezembro, quando o Tesouro vem obtendo boa demanda e conseguindo vender nos leilões uma média de R$ 6 bilhões por semana.

No período de maior pico de turbulência do mercado e de aversão aos papéis de prazo mais curto da dívida brasileira, antes do resultado das eleições presidenciais, o Tesouro chegou a vender apenas R$ 2 bilhões de títulos por mês. “O mercado está se normalizando”, disse o coordenador do Tesouro. Outro fator que pode contribuir para o aumento da demanda em janeiro é o fim do período de sazonalidade da época de fim de ano, quando as instituições financeiras preferem estar mais líquidas, com recursos em caixa.

“Parte dos R$ 61,6 bilhões que estão girando em operações no mercado aberto pode migrar para os títulos”, afirmou Valle. Segundo ele, o baixo vencimento de títulos no primeiro mês do ano, de apenas R$ 6,2 bilhões, também abre uma janela de oportunidade para que haja em janeiro espaço para uma “boa captação líquida” de papéis.

Caixa

Paulo Valle reafirmou a intenção de deixar em caixa para o próximo governo recursos suficientes para fazer frente a todos os vencimentos de títulos no primeiro trimestre desse ano. Segundo ele, o total de vencimentos nos primeiro trimestre do ano soma R$ 42,5 bilhões (R$ 6,2 bilhões em janeiro, R$ 22 bilhões em fevereiro e R$ 14,3 bilhões em março).

Valle não informou o montante atual em recursos. Disse apenas que ao final do ano o caixa terá os recursos para honrar os vencimentos do primeiro trimestre. É possível que haja até mesmo um volume maior de dinheiro, já que o Tesouro vem conseguindo nestes últimos meses fazer boas colocações de títulos. O caixa também ganhará reforço em janeiro, quando o Tesouro espera realizar uma maior colocação líquida de títulos.

Títulos corrigidos

Paulo Valle disse que a demanda por títulos corrigidos pelo IGP-M (NTN-C) já caiu. Nos últimos meses, principalmente em novembro, a demanda por esses papéis teve forte aumento por conta da alta da inflação, que se reverteu em ganhos para os investidores. “Agora a demanda já caiu”, disse Valle.

Segundo ele, o Tesouro continua com a estratégia de aumentar a participação desses títulos no total da dívida, já que boa parte dos ativos que tem é atrelada à variação do IGP. Ele disse que esses papéis têm demanda cativa, principalmente da indústria de fundos de pensão. Sobre a estratégia de colocação das NTN-C, Valle afirmou: “Só ofertaremos conforme a demanda para não estressar o mercado de IGP”.

O Tesouro Nacional não pensa ainda em voltar a ofertar papéis prefixados. “Hoje o custo não vale a pena”, disse Valle. Ele lembrou que o papel prefixado com prazo de vencimento em abril estava sendo negociado no mercado secundário a uma taxa de 27%, valor considerado alto pelo Tesouro. “Estamos esperando normalizar mais o mercado”, afirmou o coordenador do Tesouro. Há também uma expectativa com relação à decisão do Copom para o ajuste da curva de juros.

Adriana Fernandes e Renato Andrade