Sistema de pagamentos ainda preocupa
O comércio vai ser um dos setores da economia mais atingidos com o rebaixamento do piso, para R$ 5 mil, das transferências eletrônicas do Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB, que chega à sua fase mais crítica, a partir de agora. Parte do comércio ainda tem dúvidas sobre o sistema e quanto às tarifas que os bancos vão cobrar.
Comércio e indústria terão um grande desafio pela frente a partir desta segunda-feira, quando os pagamentos acima de R$ 5 mil deverão ser feitos prioritariamente através de transferências on-line e em tempo real. A mudança ainda assusta lojas e empresas que temem um buraco no fluxo de caixa, aumento de despesas e vai atenção redobrada às finanças do estabelecimento, a partir da chegada à fase final da implantação do Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB, em estudo há 20 anos. Alguns lojistas reclamam ainda da falta de informações. “Não nos informaram quanto irá custar o novo sistema. Estamos preocupados”, diz Rosemeire Ribeiro Gregório, gerente do Departamento Financeiro da Baco's, loja especializada na venda de vinhos.
Fluxo de caixa – O problema de adequar o fluxo de caixa ao novo sistema é que as empresas aceitam em geral três tipos de pagamentos para as vendas que realizam: em dinheiro, cheque ou cartão de crédito. O dinheiro recebido pelas lojas ainda será possível depositar a tempo de cobrir a emissão de uma Transferência Eletrônica Disponível, chamada pelos bancos apenas por TED, que vai ser o principal instrumento do novo sistema. Em último caso, os lojistas dizem que anteciparão a fatura do cartão de crédito.
Sem troca – Com os cheques o problema é que eles não poderão ser trocados nos bancos e não serão compensados ao mesmo tempo que a TED. Resultado: um buraco no fluxo de caixa, que para ser coberto poderá custar caro. Drogarias, postos de gasolina, supermercados, lojas de confecção, calçados, perfumes e CD's serão as maiores atingidas com o novo piso. Isso porque recebem pelas vendas cheques com valor inferior a R$ 5 mil, que continuarão sendo compensados pelo Banco do Brasil, demorando até dois dias para ficar disponível na conta corrente. No entanto, terão de pagar a seus fornecedores grandes somas, que passarão a sair on-line e em tempo real da conta.
Cheques – A entrada em vigor da TED não significa, porém, que os cheques acima de R$ 5 mil serão abolidos. Eles continuarão sendo aceitos, mas estarão sujeitos a taxas salgadas, porque os bancos também estarão sujeitos à taxação do Banco Central.
Alternativas – Para driblar essas dificuldades alguns empresários já estão criando alternativas, como dividir o pagamento para os fornecedores em cheques inferiores a R$ 5 mil. “O jeito será pagar as distribuidoras com mais de um cheque”, diz Fabiano Bonalume, gerente-geral de uma rede depostos de gasolina.
Tarifa menor – “Vínhamos fazendo em média de 5 a 6 TED's ao dia. Isso ao custo de R$ 10”, diz Darccin. Para os fornecedores, a Camil continuava emitindo cheques. “Agora estamos enviando cartas aos bancos exigindo uma tarifa menor, para que possamos usar a TED também com nossos fornecedores”, diz. O fluxo de caixa não preocupa a Camil porque ela também passará a receber de seus clientes através da TED.