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Empresas querem leilão de energia

Guarulhos, 23 de maio de 2002

A Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apinee) quer que a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE) autorize a realização já neste ano dos leilões de energia nova com o argumento de que com esse modelo as empresas darão continuidade aos investimentos no país com mais segurança. A GCE já decidiu vender por leilões neste ano a chamada energia velha das estatais e planeja obrigar a comercialização da energia nova também por intermédio dos leilões, numa etapa seguinte.

Os investidores querem assegurar que os leilões da energia nova também ocorrerão, já que se ficarem para o próximo ano, poderão ser inviabilizados caso vença as eleições o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas. “Foi esse governo que começou a modelagem e ele próprio admite que ainda não está concluído. O leilão da energia nova seria uma forma de completar o modelo”, defendeu Eric Westberg, presidente da Apinee.

Ele afirmou ao Valor que entregou ao Ministério de Minas e Energia a proposta dos produtores independentes há duas semanas, que teria respaldo de outras entidades do setor como Abradee (distribuidores), Abragee (geradores) e Abraget (termelétricas). Segundo ele, a sugestão é que o leilão ocorra uma vez por ano para firmar contratos com validade de cinco anos.

“Com competição você tem transparência”, afirmou Westberg. A GCE também está convencida de que a realização de leilões para a energia nova poderá trazer melhor projeção de preços futuros e até redução nas tarifas. A contratação bilateral como é hoje protegida pelo Valor Normativo (VN) -que impõe teto de repasse dos custos às tarifas- não estimula as empresas a buscarem preços melhores para os consumidores.

Westberg, que preside a Marubeni, afirmou que está aguardando uma posição da Petrobras para dar continuidade ao projeto da usina termelétrica de Cubatão. Com a revisão que a estatal fez em seus projetos, a usina ficou parada. A estatal é acionista minoritária com 27% e seria também a compradora da energia. Westberg afirmou que uma solução para o recuo da Petrobras poderá ser a venda da energia da usina em leilões.