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Guerra de Hart

Guarulhos, 19 de abril de 2002

divulgaçãoA Guerra de Hart pretendia ser um drama sobre prisioneiros de guerra num campo nazista, mas, na realidade, trata principalmente do preconceito racial no Exército norte-americano.

Será que há algo de errado num filme sobre um campo de prisioneiros de guerra em que o personagem mais simpático é, de longe, o comandante nazista?

É isso que acontece em A Guerra, roteirizado por Billy Ray (Volcano – A Fúria) e Terry George (Em Nome do Pai) com base no romance homônimo de John Katzenbach.

Com exceção de dois aviadores negros norte-americanos que são pouco mais do que símbolos unidimensionais da vitimização racial nas Forças Armadas, os prisioneiros ianques são quase todos racistas, pouco confiáveis e nada agradáveis.

Enquanto isso, o coronel alemão Werner Visser, muito bem representado pelo ator romeno Marcel Iures, é um homem sofisticado e cosmopolita. Não apenas é cortês e generoso por natureza, como também é americanófilo confesso e conhecedor íntimo do jazz.

Ciente de que a Alemanha vai perder a guerra, Visser chega ao ponto de concordar com o desejo dos americanos de conduzir eles próprios o julgamento de um acusado de homicídio que integra suas fileiras.

O Hart que dá nome ao filme é o tenente Tommy Hart (Colin Farrell), filho de um senador dos EUA cujo destino leva até o campo Stalag VI A, em Augsburg, Alemanha, em dezembro de 1944 – uma das poucas figuras que fazem contraponto à figura de Visser no filme.

O oficial americano de mais alta patente no acampamento é o coronel William McNamara (Bruce Willis), que, alegando que os alojamentos dos oficiais já estão cheios, obriga Hart a dormir com os recrutas, que o tratam com alguma frieza.

Mas isso não é nada diante do modo como recebem os tenentes Lincoln Scott (Terrence Howard) e Lamar Archer (Vicellous Shannon), membros da 333a divisão de aviadores negros. O sargento Vic Bedford (Cole Hauser) chega a observar: “Se temos negros voando nossos aviões, devemos estar perdendo a guerra”.

Bedford não demora a plantar na cama de Archer um cravo de ferro contrabandeado, o que leva o jovem negro a ser executado pelos nazistas.

Então o corpo de Bedford é encontrado no pátio, e as suspeitas recaem sobre Scott, levando ao julgamento deste por homicídio, uma audiência que será dirigida pelo personagem de Bruce Willis, o coronel McNamara.

A defesa ficará por conta de Hart, um estudante de direito que consegue recobrar a esperança em meio a uma situação aparentemente sem final feliz.