Empresas buscam saídas para reduzir custos
O economista-chefe da Federação Brasileira das Associações de Bancos, Febraban), Roberto Troster, não admite. Mas empresários já falam em trabalhar com um número menor de bancos, depois que o Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB, estiver funcionando, a partir do próximo dia 22. O objetivo da concentração seria o de reduzir custos. E conseguir melhores condições de negociação para as operações de crédito e débito com valor igual ou acima de R$ 5 mil, que passarão a ser liqüidadas on-line e em tempo real pelo novo sistema.
Tendência – “Esta deverá ser a tendência natural de empresários e comerciantes diante do SPB”, diz José Francisco Gomes da Silva, diretor da Excard, empresa com sede em Belo Horizonte. Limitar as operações em uma ou duas instituições já está nos planos da empresa, que trabalha no segmento de cartões de compra. “Já pensamos em restringir nossos negócios a um ou dois bancos no máximo”, diz.
Dor de cabeça – A convivência simultânea do mercado com duas formas distintas de liqüidação financeira a partir do dia 22 reduzirá o capital de giro das empresas e do comércio. São dois segmentos que se utilizam diariamente dos bancos para fechamento de seus negócios. Isso porque poderá haver um descasamento entre as receitas de quem não vigiar seu caixa em tempo real. Para Plínio Assmann, consultor da Trends Engenharia e Tecnologia, o resultado pode ser resumido numa única palavra: dor de cabeça.
Descompasso – “O modelo do SPB é positivo para o mercado. A resistência inicial de alguns setores ao SPB deverá ser absorvida com o tempo. Mas até lá será muito difícil para as empresas conseguir manter seus créditos e débitos no mesmo compasso”, diz Assmann.
Relacionamento – Segundo Troster, que participou ontem em São Paulo da 7ª Exposição e Conferência Internacional de Cartões, Serviços e Tecnologias, o novo sistema criará um padrão diferente de relacionamento financeiro dos bancos com as empresas e com outras instituições, em relação ao sistema atual. Ele alerta que as companhias deverão estar muito bem integradas no SPB. “A administração de liqüidez será importante para o sucesso dessa integração”, disse. Troster descartou a possibilidade de as empresas utilizarem um menor número de bancos após o SPB. Também não aposta numa subida dos preços das tarifas. “Não podemos falar em tarifas porque ninguém sabe qual será a estratégia adotada pelos bancos”, disse.
Roseli Lopes